d’A Juventude Transviada

Pela madrugada os sons da cidade são bem peculiares, tal como uma gaita familiar vinda da natureza e mais uma vez; Helena, agora livre e diante de seu grande paradoxo travestido de guerra anti áries, escuta calmamente cada pio do gogó das aves. Ela sabe, bem lá no fundo de seus olhos da alma, que algo pode estar por vir… Teme e treme; afinal, o temor e o tremor são reações naturais de um corpo em contato com seu próprio interior: está, finalmente, exercendo seu legítimo cuidado – ainda que em meio a tropeços. Ao mesmo tempo que o bem-te-vi anuncia a vinda do Sol-escorpião, casada com a aparição avassaladora d’A estrela escondida pela melancolia, sua amiga Lua se deita no mar daqueles que deram o grito surdo dos miseráveis, e a legião estrangeira de estrelas azuis e pedrinhos nus nunca dorme. Helena escuta alguns pequenos decibéis da vida humana: eis o ponto de partida do mundo visível ao olho anti-nu; mas Helena foi condenada a ir fundo. Ela sente em seus poros a chama nêga costante e calma sob a chuva rala disfarçada de orvalho – ou até mesmo sereno. Escuta… Não mais – só mente – as vozes de galinhas e ovos macabéticos, mas as vibrações das ondas de um mundo moinho, onde uma semente plantada por um eterno gatilho sem disparar brota pela concepção a cada instante – e nela. A bala perdida em formato de soneto no mês de agosto insiste em fazer constante a presença da possibilidade de essência perante a existência. Sabe-se lá a diferença entre os olhos que enxergam e os que não querem enxergar… Ora, tanto faz… Se o que não foi, não é: e todos comem seu pão nosso de cada dia em formato de bolo enrolado, cantado aos quatro cantos seu despertar – disfarçados. Essa tal de Juventude Transviada, já cantada há tantos anos, está abrindo seus armários de pandora e enfrentando as tentações dionisíacas e imagéticas de todos os dias – em meio a fuga da semiótica vista como cruel, mas da vida: temem e tremem; emocionam; fraquejam e fortalezam; caem n’As tentações: são vivos: das pedras à carne, das folhas aos frutos, da seiva à flor – e disso, os floristas sabem. Nessa madrugada Helena não sentiu medo. Não há mais bueiro que lhe conforte de prisões, não há mais poço que lhe jure o infinito, não há mais palavra que lhe informe certezas: esta é a liberdade – o preço mais caro a se pagar. Tão livre que tem fé cega até no paradoxo íntimo feito entre quatro paredes. Diante dos grandes olhos, está a Juventude Transviada, num jogo semanal entre X e Cruz: Opostos que tentam confundir? Mas esta tal… Essa tal, que lava roupa todo dia – cheia de agonia – essa… Imprime seus sonhos na história, seja púrpura ou galega, prateada ou dourada, repleta de esquadros de balbúrdia arquitetada e algumas mumunhas de um passado de nostalgias e saudades que acabam por fazer do tal do amor, a revolução. E tudo isso fica no Mar, e também fica em minas. 
E Helena? Helena permanece aqui na terra, vagando mundos – e sempre espera – enquanto enfrenta minotauros, faunos, esfinges imaginárias dentro dum elevador – que, como todo elevador se preze – vem munido do entra e sai de corpos e reflexos em seu espelho. E, ainda assim, de dentro de tal meio de transporte mais seguro e abafado do mundo, a sentença de Helena grita: o cheiro do vento invade seus cárceres nada privados e lhe sussurra…:  “fé”.


Lua Xavier: vivo num clipe sem nexo, um Pierrot- retrocesso, meia bossa nova e rock’n’roll


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