por: Augusto Medeiros
Tem muita gente que olha para uma pintura abstrata e não consegue entender o valor que ela tem. Pelo contrário, fica até indignado como alguém chega a pagar milhões de dólares por uma obra de arte que, aparentemente, não quer dizer nada.
Pois bem, eu faço outra pergunta. Por que o ouro tem valor? É só uma rocha. Mas tente achar esse tesouro no quintal de casa.
Arte é a raridade de um olhar profundo sobre a vida. E quer tesouro maior do que compreender o mistério da vida. Não dá pra ter lógica nessa busca, é preciso despertar sensações e provocar emoções.
Esse é um caminho longo para uns, curto para outros. Há quem nem desperte curiosidade para tamanha façanha. Pode parecer desnecessário seguir por essa estrada, mas uma vez que você se permite, surpresas virão.
A viagem da arte pode começar com um cafezinho sem açúcar. De repente, você sente o sabor real e único de cada colheita. E percebe que antes você bebia açúcar. Podemos continuar com uma taça de vinho, seco, que trava o paladar e ao primeiro momento você já condena como algo insuportável. Mas aí você tenta mais uma vez e outra e mais uma e, de repente sente novas sensações e vai indo, ficando curioso, querendo novas descobertas. Um certo dia você se dá conta de que não consegue mais engolir o vinho adoçado de antigamente. E cachaça da boa, já tomou? Tem umas que são tão caras que até fazem lembrar aqueles quadros que, aparentemente, não dizem nada.
E onde será que esse caminho da arte vai dar? Não tem fim. Ele vai se desdobrando em muitos outros. A cada experiência, ganhamos um novo olhar sobre a vida, um novo sabor. Não será loucura dizer que você vai olhar para o mesmo objeto que sempre esteve ali a sua frente e fazer uma leitura totalmente diferente.
Quanto vale uma nova percepção da vida, das relações humanas, dos propósitos que nos dão sentido ao amanhecer?
Existem países que lutam pela sobrevivência, outros pela felicidade. São níveis éticos. A ética que faz compreender como o respeito ao outro traz benefícios à coletividade. Mas para isso, é preciso despertar para o novo, com novos olhares. Por que será que países ricos, com qualidade de vida alta, que proporcionam oportunidades para todos, valorizam a arte? Ética são valores humanos. E quanto mais tempo nessa estrada da arte, mais os nossos valores mudam.
Tem um detalhe, pra descobrir esse tesouro não precisa gastar milhões de dólares comprando um quadro, basta olhar sem julgamentos.
A revista é bem-vinda para todos nós que gostamos de experiências geradas por afetos positivos ou negativos.
Parabéns!!