Essa rua é estranha. Andei nela por quase dez minutos mas parece muito mais curta quando olho para trás. No plano, todas as coisas parecem ser logo ali. A ilusão de ótica é intrigante. (aqui, a intrigância se resume em si mesma) Eu me sento. Espero com a leveza nos ombros de quem não tem mais o que fazer. Até agora a pouco, a porta da escola estava vazia; depois do segundo toque do sino, o caos foi liberto atrás do portão e os ‘tec-tec’ dos pisca-alerta passam a preencher o silêncio na rua. Compõem sinfonia com as vozes das crianças agitadas, com o ronco dos motores procurando vaga, com o “sino” do colégio em turbilhão. Inclusive, curioso, o sino. O toque me inunda de um prazer nostálgico, de quem já foi protagonista de boas memórias numa fase ruim. E não soa como um sino. Nem a mecânica é a mesma. Por que raios tem, então, o mesmo nome? Paridade de funções? O chamado para a doutrinação é o badalo de um sino.
Carol Cadinelli é jornalista, apaixonada por palavras. Escreve, edita, revisa, traduz e, vez ou outra, fotografa. Atua como Social Media na Peregrina Digital, assistente de edição na Trama e escritora nas horas vagas.
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