“Não há bem que dure para sempre, nem mal que nunca se acabe”
O fim de alguma coisa pode se apresentar de várias formas:
– Como as flores de um Ypê, tão vivas e brilhantes que chegam a lembrar as riquezas do ouro. No entanto, não são capazes de resistir a chegada do outono. Caem e se misturam à grama já seca e orvalhada pela força da estação.
– Uma canção de amor, tão serena e arrepiante que é capaz de acalentar até mesmo o mais frio dos corações. E mesmo assim, não é capaz de resistir ao insistente compasso das notas que a levam a sucumbir ao acorde final.
– Ou quem sabe a própria vida, que muitas das vezes insiste em contrariar aquela velha ordem natural das coisas: o nascer, crescer, reproduzir e pula logo para o final do ciclo, embaralhando tudo o que havia sido planejado com tanto cuidado.
Mas sabe o que essas e várias outras coisas têm em comum?
Elas recomeçam!
– O ouro do Ypê volta a reluzir na próxima primavera.
– Um simples toque no play acalenta novamente aquele frio coração.
– E o milagre da vida pode ser continuado através da esperança de um filho ou um neto… quem sabe?
A questão é que se é inevitável, porque se prender tanto?
Planeje menos, passeie mais. Reclame menos, agradeça mais.
Não se pode perder aquilo que nunca se teve, e para casos assim só existem duas saídas: é tentar de novo ou esquecer de vez. Até que tudo recomece e se resolva, ou se torne apenas mais uma canção no meu violão e seja enfim, o fim.
João Batista é Vigilante e entusiasta das artes. Apaixonado por música e cinema. Prefere os clássicos às tendências da modernidade.