Você já se perguntou qual é a real importância de uma fotografia? Trato aqui em uma perspectiva puramente pessoal, longe dos fins comerciais e de divulgação, inspirado por um texto compartilhado aqui na Trama: Ver ou ser visto, de Lucas Menezes.
Fico impressionado com a quantidade de momentos que desperdiçamos pela obsessão da busca por um clique perfeito. Uma pose inédita, um plano de fundo, um olhar 43… combinação perfeita para alguns instantes de sucesso naquela rede social.
E onde foi parar aquele frio na barriga? Aquela ansiedade quase infantil da espera por um novo passeio? É neste momento que vai tomando forma e ficando cada vez mais claro a percepção da inversão dos valores do que é real pelo virtual.
Me afastei por um momento e sentado em um banquinho velho de madeira improvisado, de frente para o mar, enquanto a brisa agitava os cabelos já despenteados e queimados de sol, cliques de smartphones soavam como tiros de garrucha em meio a uma verdadeira guerra de vaidade.
Parei, fechei os olhos, respirei fundo e por alguns instantes fiquei ali, imóvel… Não olhei, nem me posicionei, apenas senti…
Não venho montado em uma alegoria de hipocrisia pra dizer que não existe seu valor, porém, acredito que cada momento seja único e não é possível ficar o tempo todo guardando-o nesta caixinha mágica de luz e sombra. Não em sua plenitude, não em sua essência.
Naquele momento, usar essa oportunidade única para experimentar os sons e sabores, o toque e as cores, certamente traria algo muito mais valioso para ser guardado em outro lugar, muito mais importante: no coração!
João Batista é Vigilante e entusiasta das artes. Apaixonado por música e cinema. Prefere os clássicos às tendências da modernidade.