Processo de Restauração de Missal Romano de 1931 – Capa de Couro

Este texto pretende apresentar de maneira prática e sucinta como se deu o processo de Restauração do Missal Romano de 1931, realizado no Laboratório de Conservação e Restauro de Papel do Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM/UFJF). Não tenho pretensões de relatar o passo a passo do processo em sentido didático, ensinando as etapas conforme o restauro foi se desenvolvendo, mas sim, demonstrar as nuances de um trabalho cujas imagens tanto impressionam devido à recuperação do bem cultural.

Vale ressaltar que para executar este trabalho o trabalho, toda a parte de reconstituição de suporte da capa de couro foi feita sem a utilização de couro, apenas com enxertos com papel japonês. Tanto no revestimento de couro das capas, bem como no papelão das capas e nas guardas.

O Estado de Conservação do Missal 

O livro encontrava-se em péssimo estado de conservação e apresentava perda de suporte nas capas e lombada. Apesar de o miolo estar em boas condições, a estrutura do missal sofreu ataques de insetos xilófagos, comprometendo o manuseio.

Processo de Restauração

Na primeira etapa do Restauro,  foi realizada a higienização em todo o livro utilizando trincha e bisturi, removendo antigas camadas de papel utilizados na encadernação.

Com a lombada limpa, as folhas de guarda foram parcialmente levantadas para receber o reforço estrutural da lombada, em papel japonês com gramatura mais espessa, visando o aumento da resistência mecânica da capa.

Aproveitando o trabalho realizado no reforço de lombada, as partes deterioradas da capa foram também reforçadas para dar suporte para as próximas camadas de papel japonês (mais fino). 

Aplicação das Camadas de Papel Japonês nas Partes Faltantes

Com o suporte preparado, as camadas de papel japonês foram adicionadas uma a uma até que chegasse na gramatura desejada. O excesso de papel japonês foi retirado com um pincel fino umidecido com H2O, contornando as extremidades das partes faltantes. 

O mesmo processo foi feito na parte interna das capas, que estavam deterioradas. Chegando à gramatura desejada, iniciou-se o restauro das folhas de guarda.

Por fim, utilizei uma lixa fina de madeira para suavizar as bordas. 

Finalizando a estrutura da lombada da capa, uma tira de papel filifold documenta 300g/m² foi inserida para dar rigidez e estabilidade à encadernação.

Reconstituição Estética

Utilizando tintas à base de água, foi feita a reintegração cromática na capa e nas guardas. Um detalhe interessante de se destacar é que as guardas foram também reconstituídas com papel japonês e a remoção do excesso do papel foi feita com um pincel fino e água.

Montagem do Livro

Depois das guardas restauradas foi feito um reforço com papel japonês, unindo-as com a parte da guarda que permaneceu no miolo. Após a fixação do miolo na capa, alguns retoques na pigmentação foram feitos e o acabamento final foi realizada com a aplicação e polimento com a cera microcristalina.

Livro Finalizado

Após a conclusão do restauro, foi constuído um acondicionamento técnico para proteger e prolongar a vida útil da obra.

IMAGEM (BATER FOTO)


Lauro Bohnenberger é restaurador de papel e atua há mais de 10 anos no Laboratório de Conservação e Restauro de Papel do Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM/UFJF).


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Um comentário

  1. José Wellington Pereira Pedroza

    TRAMA! Vocês tem um belíssimo trabalho de recuperação de livros parabéns; eu também trabalho com recuperação de livros, o que me falta são materiais de livre acesso.

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