Vez ou outra ouvimos que a arte é transcendente, que as notas no piano e a poesia, que a pintura e a dança, conseguem tocar os mais remotos esconderijos do coração humano e isso é verdade, tanto na perspectiva do artista quanto na perspectiva do que consome a obra.
A realidade, contudo, parece nos impor a pluralidade; essa imposição, por sua vez, retorce o conceito de transcendência artística fazendo-a soar como uma relação profundamente individualizada entre a obra e seu receptor, tornando-a subjetiva a medida em que atribui-se a obra a obrigatoriedade de um efeito particular na alma de quem a recebe.
Contudo, a imposição me parece equivocada a medida em que desconsidera a carga do(a) próprio(a) autor(a). Quantas vezes não impusemos à arte nossas próprias convicções, anseios, medos e desejos? Quantas vezes não encurtamos seus limites (pois eles existem) à nossa forma de compreender a vida?
Por um instante, ou vários, me deixo e me obrigo a mergulhar em “The Light of the World” de William Holman Hunt e compreender sua mensagem por completo; também me obrigo a debruçar sobre “Samba pro Rafa” de Yamandu Costa e me perguntar, a final de contas, quem é ‘Rafa’ e porque ganhou uma canção?
Todo(a) artista se esmera na criação da obra; são semanas e meses de um quadro por pintar, de uma canção incompleta ou de um poema sem versos, apenas aguardando as expressões exatas do que se sente e quer transmitir. São sentimentos eternos para o artista, são lembranças leves, ou talvez pesadas, mas que foram lapidadas até que a beleza emergisse em sua forma mais consistente.
Portanto, a arte não é subjetiva, não é “ao gosto do freguês”, mas sim, ao gosto do artista. A arte é a contemplação da criação.
Gustavo da S. Lima é estudante de engenharia elétrica pela UFJF, cristão reformado, músico, ama teologia, filosofia, churrasco e ”The Creation”de Joseph Haydn.
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