É espantoso observar como, no movimento do cotidiano, as narrativas em disputa neste grande território conceitual que é a vida, se apresentam cada vez mais evidentes, e, suas nuances articuladas, quase atingem o status de belo. Uma beleza trágica, é verdade.
No dia 21 de setembro a ONU (Organização das Nações Unidas) iniciou a cúpula do clima em Nova Iorque. Para o discurso de abertura da conferência, uma jovem escandinava de 16 anos, que proferiu um emocionante discurso inflamado.
A dureza de suas palavras, a intensidade de suas expressões faciais, a voz embargada e os olhos marejados não deixaram de transmitir a sensação de urgência em sua mensagem.
De acordo com Greta, ainda que estivéssemos agindo urgentemente, teríamos apenas 50% de chances de evitar um colapso generalizado dos ecossistemas do nosso planeta. Um discurso que procede com os levantamentos mais recentes das pesquisas sobre o aquecimento do planeta, conforme indica o gráfico do projeto #showmeyourstripes abaixo:
Greta apresentou ao mundo uma geração de jovens que estão se mobilizando para questões humanitárias de forma intensa e desafiadora, onde a criatividade e a busca por inovação marcam uma estratégia de sobrevivência.
Por outro lado, infelizmente, não podemos deixar de falar do evento contrastante que aconteceu apenas alguns dias depois do discurso de Thunberg.
No dia 24 de setembro, na abertura do debate geral da 74 Assembléia das Nações Unidas, o Brasil abre a conferência apresentando ao mundo um país desgastado pela guerra cultural que atravessa.
Bradando teorias conspiracionistas e sustentando um discurso beligerante, o Presidente do Brasil surpreendeu o mundo com a vergonha que já estamos habituados a sentir quando o ouvimos falar.
Completamente alienado das concepções de realidade, Jair Bolsonaro subestimou a inteligência dos representantes das outras nações como se não fosse possível aferir a veracidade de seu discurso.
De qualquer forma, por este motivo, pudemos observar claramente duas forças que disputam a hegemonia das narrativas culturais em nossos dias.
Uma se preocupa com a necessidade de criar alternativas aos modos de se exercer a vida de maneira sustentável para evitar grandes colapsos ambientais e mais tragédias humanitárias.
A outra se ocupa em tentar construir histórias que suplantem o contato com a realidade, lançando uma nuvem de medo, insegurança e retrocesso sobre cada um que se oponha à suas já desgastadas interpretações limitadas da realidade.
Entre esses dois mundo possíveis, com o perdão do trocadilho, eu prefiro ver o mundo pela Greta.
Confira algumas notícias internacionais sobre o discurso do Presidente do Brasil na Assembléia Geral da ONU:
Frederico Lopes é Artista e gostaria de ser Escritor. Trabalha no Memorial da República Presidente Itamar Franco e é fundador da Bodoque Artes e ofícios.
Clique na imagem e acesse a loja virtual da Bodoque!
Galeria
Apoie causas humanitárias. Em tempos de cólera, amar é um ato revolucionário.