O Saara convida para a solidão Chama ao solilóquio sereno Estimula a contemplação do mavioso Fascina as vistas em todos os ângulos Proporciona ambiente ideal de meditação Invoca a orar e agradecer Santifica o silêncio interior na presença da infinita quietude de suas dobras nômades Entardecer no Saara... Espetáculo das tonalidades Brincando cores vivas no manto celeste azul Os raios solares tateando as dunas por um lado Penumbradas logo depois das cristas Luzes e sombras O homem e sua natureza A noite no Saara... Ventos lentos a gelar A colcha de estrelas bailando ao luar Escuridão e vazio O homem e sua busca essencial Amanhecer no Saara... O astro rei se ergue no horizonte Camelos agitam-se dispostos O ar se aquece docilmente A vida se apresenta e se move O homem e sua esperança As areias do Saara deslizam sempre Desapegadas flutuam ao sabor dos ventos Em grupo são o relevo total Individuais encontram todos os corpos Dominam o cenário porque se curvam à sua própria natureza O deserto é o vir-a-ser da criatura
Gabriel Lopes Garcia é poeta. Atua como professor de Física nas horas vagas.
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