Deixo meus cabelos crescerem para poder usá-los em trança grossa, a escorrer pelas minhas costas, trança de índia que não carrego em minhas veias geneticamente eurocêntricas; geograficamente latinas. Corrijo. Latino-americanas. (em geografia) Pois que tudo o que sou é originalmente latino: a genética a geografia a língua. Latina única Transcontinental Dividida por um Atlântico. É latente em minha mente o desejo por buscar o que late mi corazón. A latinidade que une o clássico ao moderno que conta histórias que me compõem enquanto infinitude de gerações enquanto imortal e eterna. Aquela que transforma a língua-mãe em suas filhas, mas ainda se permite reconhecer na diferença. Volto. Continuo a sonhar com a longa trança grossa a escorrer pelas minhas costas. A trança da índia que não carrego em minhas veias euro-latinas, mas que compõe minha força latino-americana. Me olho no espelho e - por vezes – sou capaz de vê-la. De vê-las todas, as mulheres eternas e imortais tipificadas ou reais cujas latinidades compõem a minha.
Carol Cadinelli é jornalista, apaixonada por palavras. Escreve, edita, revisa, traduz e, vez ou outra, fotografa. Atua como Social Media na Peregrina Digital, assistente de edição na Trama e escritora nas horas vagas.
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