Pensando na nossa impossibilidade de visitar exposições, decidi dividir algumas experiências de coisas que eu vi aqui em São Paulo nesses últimos tempos.
Em fevereiro, visitei uma exposição no Mube (Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, em São Paulo) do britânico erradicado na Alemanha, Sir Anthony Douglas Cragg, mais conhecido como Tony Cragg.
Nascido em Liverpool em 1949, iniciou seus estudos em arte na Gloucestershire College of Arts and Technology, fez mestrado em desenho na Wimbledon School of Art, em Londres e também estudou escultura na Royal College of Art. Em 1977, Tony se muda para a Alemanha, onde vive até hoje.
Com uma longa lista de prêmios, dentre eles o Turner Prize (1988), o 1º Prêmio de Melhor Escultura na 2ª Bienal de Pequim (2005) e o Prêmio Vitalício em Escultura Contemporânea pelo International Sculpture Center (2017), Tony Cragg é um dos grandes nomes da arte contemporânea, reconhecido internacionalmente por sua obra escultórica, principalmente pelo seu trabalho com uma grande diversidade de materiais.
Nos anos 1980, juntamente com Bill Woodrow e Anish Kapoor, Cragg renovou a arte tridimensional na Grã-Bretanha, sendo um importante nome do movimento, com um trabalho essencialmente experimental, oscilando entre instalações e assemblages (colagens com objetos e materiais tridimensionais) e utilizando objetos encontrados ao acaso, como plástico, aço, fibra de vidro e bronze, trabalhando com uma herança estética indiana, recorrendo a formas simbólicas e pigmentos naturais.
A exposição contava com poucos exemplares dessa fase do artista, mas nela poderíamos conferir de perto, 43 esculturas e 70 desenhos, realizados em sua maioria de 1990 até o presente. Cragg divide sua obra escultórica mais recente em Formas Primordiais e Seres Racionais – esculturas que derivam da transmutação de estruturas geométricas e orgânicas.
Madeira, bronze, gesso e cerâmica, além de plástico, poliestireno, aço, vidro. É impressionante ver como o artista consegue atribuir formas e movimentos a tão diferentes materiais. Sinuosidades sedutoras. Texturas inusitadas. Traços arqueáveis.
Cragg acredita que a expressão de uma obra de arte é elaborada por fatores psicológicos e emocionais, capaz de trazer outro sentido às questões existências da vida, sobretudo, na observação contínua e constante da natureza. Traduzindo através das curvas dos seus ofícios as linhas contidas na natureza – seja ela vegetal, humana, ou objetos inanimados. Não sabemos se os formosos contornos são reais ou fictícios. Pertencem ao humano ou a criação divina, ou a ambas. Eis o universo de Tony Cragg.
Caroline Carvalho é especialista em Gestão de Projetos Culturais pela Escola de Comunicações e Artes (ECA), USP, ama arte, literatura, estudos da cultura e correlatos. As vezes tira umas fotos.
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