Em Ipiranga, uma cidade rural de 10.000 habitantes no Piauí, uma organização de artesãos se viu com menos trabalho por causa da pandemia de coronavírus. Consciente da falta de equipamento de proteção individual (EPI) para os profissionais de saúde da região, a Associação de Artesãos da cidade de Ipiranga-Piauí (ASSARIPI) alterou seu programa de trabalho habitual para produzir máscaras faciais e toucas.
Até agora, os artesãos da ASSARIPI usavam caules e fibras do buriti – planta nativa da região – para produzir móveis, cestas, objetos de decoração, roupas e bolsas, com o apoio do Projeto Viva o Semiárido, financiado pelo Fundo Internacional para Agricultura Desenvolvimento (FIDA) e Secretaria de Estado da Agricultura Familiar.
Lídia Ribeiro de Andrade, presidente da Associação, explicou que a ideia de ajudar resultou da alta demanda por equipamentos de proteção. “Inicialmente, fizemos apenas algumas peças e as doamos para idosos carentes. Depois de alguns dias, já estávamos produzindo equipamentos de proteção para o centro de saúde local e, logo depois, para o hospital regional da cidade vizinha, Picos ”, disse ela.
“Eles já fabricaram máscaras médicas, chapéus e camisolas para os departamentos de saúde da região do Vale do Sambito”, diz Francisco das Chagas Ribeiro, coordenador do Projeto Viva o Semiárido. Ele explicou que a Associação estava adaptando as máquinas para produzir 500 peças de proteção individual por dia, que serão distribuídas pela rede comercial do projeto.
Com três filhos e cinco netos, Iolita Ramos, uma das co-fundadoras da ASSARIPI, depende da renda da Associação para sobreviver, mas agora ela está investindo toda a sua energia no espírito de solidariedade. “Percebemos agora a realidade que estamos enfrentando com o coronavírus e todos temos que dar nossa contribuição para superá-lo”, diz ela. “Estamos trabalhando na produção das máscaras, mas gostaríamos de ajudar ainda mais”, disse ela.
A demanda tem sido tão grande que a Associação está deixando de atender a alguns pedidos. “Até hospitais e centros de saúde da capital do Piauí, Teresina, e outros estados, entraram em contato conosco, mas não conseguimos responder a todas essas demandas”, lamentou Lídia.
Ao saber sobre a alta demanda, a Secretaria de Agricultura Familiar – parceira local do FIDA no Projeto Viva o Semiárido – entrou em contato com outras duas associações de pequenos produtores rurais dos municípios vizinhos Nossa Senhora da Nazaré e Batalha.
Cada uma dessas associações produzirá 800 itens por semana, que, combinados aos 500 itens produzidos diariamente pela ASSARIPI, resultarão na produção de cerca de 5.000 componentes de EPI a cada sete dias.
Matéria originalmente publicada em Nações Unidas Brasil em 29/05/2020 – Atualizado em 29/05/2020.
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