Nessa semana a Bodoque iniciou as atividades do seu Museu de Artes e ofícios nas redes sociais. É certo que ainda não temos uma previsão concreta para a inauguração do espaço no meio virtual que disponha de um site robusto onde podemos começar a disponibilizar nosso acervo digital, mas, ainda assim, demos um importante passo.
Desde que iniciamos o processo de reposicionamento da marca, a Bodoque tem deixado de ser conhecida apenas como um atelier de encadernação e experimentações artísticas para dar lugar à uma imagem e atuação de Fundação Cultural, ou melhor dizendo, uma Instituição Cultural. Começamos com a Trama a 52 edições atrás, e já implementamos nossa estamparia, estúdio de design, produtora de conteúdo para o youtube – BodoqueTV e para plataformas de streaming em formato de podcasts e o Fundo Cultural Bodoque. Além disso, estamos caminhando para começar as atividades ainda esse ano da editora, da nossa escola de artes e ofícios e finalmente do Museu de Artes e ofícios Bodoque.
Todas essas novas atividades da Bodoque, na realidade, se configuram como a realização de antigos anseios individuais e coletivos, de pessoas que sempre enxergaram na arte e na cultura, valiosas ferramentas para mobilidade social e transformação de olhares e visões de mundo.
No caso do Museu, temos uma missão específica em questão: pesquisar, preservar e comunicar a memória dos ofícios artísticos e artesanais que se estabeleceram por meio da relação mestre e aprendiz na região da zona da mata, buscando traçar um itinerário de práticas, relações e linguagens com o objetivo de salvaguardar valores culturais presentes em tais ofícios para a promoção da dignidade humana, da universalidade do acesso, do respeito à diversidade cultural, da democratização de saberes artísticos, históricos e sociais presentes nessas práticas. Isso porque o valor do trabalho se encontra presente em um processo que muitas vezes corre à revelia do olhar de quem adquire determinado objeto, bem ou serviço. Mais do que isso, o trabalho é um valor em si, cuja herança cultural demonstra a riqueza da trajetória de cada indivíduo pela vida, deixando, de certa forma, sua contribuição para a coletividade humana.
Por isso, ao buscar constituir um acervo expressivo, físico e digital, a partir da documentação de regitros audiovisuais dos atores sociais envolvidos em ofícios artísticos e artesanais na região da Zona da Mata pretendemos, através da preservação e divulgação dos saberes tradicionais que compõe a identidade cultural da região, estabelecer um diário cultural do trabalho em sua riqueza e diversidade.
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Frederico Lopes é Artista, educador, encadernador e escritor. Trabalha no Memorial da República Presidente Itamar Franco, Museu de Arte Murilo Mendes e é fundador da Bodoque Artes e ofícios e da Revista Trama.
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