A série intitulada “a disforia vem de fora” busca refletir sobre estados de disforias dos quais nós, principalmente corpas trans, estamos condicionadas por um sistema binário e heteronormativo que imprime corpos cisgênero.
O que foge à norma se torna uma ameaça à ordem daqueles que discursam em prol do controle dos corpos, criando mecanismos que excluem arbitrariamente existências dissidentes de diversos espaços. Pensando nas várias violências enfrentadas por um corpo trans em processo de terapia hormonal, na dificuldade em auto-aceitação e sobre imposições que se criam até mesmo sobre como as transsexualidades devem ser, passo a escrever palavras nas bulas dos hormônios que falam sobre reflexões e dores que surgem a partir de um processo de transição de gênero.
Partindo de uma concepção interseccional, tento questionar os fatores machistas, capitalistas e racistas que nos fazem estar em lugar de disfóricas, usando frases e palavras que denunciam tais opressões. “a disforia vem de fora” é uma série de denúncias que pensa as violências geradas a partir do outro sobre os nossos corpos.
Iúna é Arte-Educadora graduanda em Pedaogogia pela UFJF. Pesquisa identidades de gênero e sexualidades em uma perspectiva decolonial. Integra o MIRADA – Grupo de Estudo e Pesquisa em Visualidades, Interculturalidade e Formação Docente, locado na Faculdade de Educação da UFJF e o Coletivo Descolônia, de produção, difusão e estudo de Arte Afrocentrada. Traz através de suas produções, experiências visuais e literárias que atravessam traumas e curas de uma corpa dissidente vivendo no país que mais mata pessoas trans e travestis.
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