Desde pequena, me sinto livre e pertencente ao mesmo tempo. Meus pais me criaram como um ser livre para ser, pensar e sonhar. Bem, meu pai puxava um dos meus pés para o chão para que eu nunca vivesse de expectativas, e minha mãe entregou um balão colorido para me fazer flutuar e sonhar, ambos com o mesmo objetivo: Amor.
Então eu voava e, ao mesmo tempo, me sentia muito apegada à casa da minha infância, ao meu país, a tudo. E essa dualidade de sentimentos me deixava estagnada. “Vou ou fico? Arrisco ou permaneço?” ou, ou, ou…
Até que entendi que pertencer é uma ilusão. Puft!
Temos que ser. Ser e viver com intensidade tudo o que cada capítulo da vida proporciona e depois deixar ir… Para que o próximo chegue. É sobre esse punhado de sentimentos que a história de hoje falará, vem!
“Sempre que Dezembro chega, sinto saudade. Sim, isso mesmo. Parece estranho, não é? Mas sinto isso desde muito, muito pequena.
Antes mesmo de ter contato com livros e filmes de lugares nortenhos, eu sabia que meu lugar era num outono colorido, que ensina a baixar a guarda, ou num inverno brilhante de neve fofa que cobre a cidadela e nos ensina a morrer – para que, na primavera, volte à vida.
O que eu vivia era realmente o oposto, e rio enquanto escrevo essa frase. Meu Dezembro sempre foi de atmosfera densa, de cigarras que, logo de manhã, anunciam um dia longo, quente e vivo. Meu mês 12 nunca foi de preparar biscoitos de mel e trazer lenha para a lareira… Ficava mesmo era catando sombra a cada magro ipê que encontrava rua afora. Quando pude, finalmente, assistir aos primeiros filmes que se passavam no Canadá, Dinamarca e Suíça, por exemplo, me emocionei. Senti que pertencia a esses lugares todos; e então, quando cresci, comecei minha jornada em busca desses lugares pelos quais minha alma se sacodia só de imaginar.
Eu costumo brincar que sou 80% brasileira, mas esses 20% que restam precisam de temperaturas negativas e esquilos correndo pelos parques.
Só que chegou um dia, o pico alto da minha maturidade, no qual percebi que não precisava tanto desses lugares. O que eu buscava eram as sensações que eles me causavam. O afeto, aconchego, silêncio, sossego, o observar vagaroso da vida. Então pude ver que não pertenço a nada nem a ninguém. Eu sou.
Sou a Dinamarca e seus vilarejos iluminados na noite de Natal. Sou a quentura da lareira crepitando. Enfim, percebi: Sou capitã da minha alma e vivente do mundo”.
Gostou da leitura? Então vou te contar um segredo: Contar histórias é a medicina da minha vida.
Uni tudo isso num projeto que floresce de maneira vagarosa e especial que se chama “Caçadora de Histórias”. Tu podes conferir ele lá no Instagram e se quiser participar, escreve para mim através do e-mail tuahistoriaaqui@gmail.com e me deixa te ajudar a enxergar a heroína/herói que és em tua própria trajetória.
Victória Vieira é escritora e idealizadora do projeto Caçadora de Histórias. Caçando e ouvindo histórias, vou escrevendo a tua com minhas palavras e te ajudando a ter um novo olhar sobre ela. Siga o projeto no Instagram.
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