O prefixo grego “idio-” significa “próprio, individual”, e está na origem da palavra “idiotés”, como eram chamados aqueles que não se preocupavam com a vida da comunidade, da cidade, a “pólis”. Àqueles que, ao contrário, se ocupavam das coisas comuns, do bem estar de todos, dava-se o nome de “politikós” (estou aportuguesando um pouco a grafia das palavras, ok?). Na Antiguidade Clássica, não se importar com o coletivo era algo tão mal visto socialmente que a palavra “idiota” passou a designar todo aquele que se fechava em si e, por consequência, se apequenava, se tornava mesquinho.
Também vem do grego o radical “-cracia”, que significa “poder, mando, governo”, e aparece em palavras como “autocracia” (governo centrado em uma só pessoa), “plutocracia” (governo de e para homens ricos) e em “cleptocracia” (governo exercido por corruptos, ladrões).
“Idiocracia”, então, é a paradoxal situação em que homens pequenos, interessados apenas em vantagens pessoais, assumem o poder. É exatamente isso que vemos acontecer hoje em Bruzundanga (a expressão é de Lima Barreto, que sempre merece nossa pesquisa e nossa leitura).
Os idiotas no comando de Bruzundanga não têm nenhum compromisso com a cidade (a pólis, ou o país, no caso), nem com os cidadãos, que podem até morrer de peste ou de fome, tanto faz (o importante é não serem “maricas”)! Eles só pensam em si mesmos – nunca é demais repetir: é isso que os define, eles são “idiotas”, não há por que esperar mais deles.
Os idiotas no comando de Bruzundanga não têm nenhum compromisso com a verdade: ora eles sequer a vislumbram (talvez porque ela esteja longe demais de seus próprios umbigos), ora eles a negam deslavadamente (quando ela contraria suas míopes convicções pessoais e/ou seus interesses privados).
Os idiotas no comando de Bruzundanga não têm nenhum compromisso com a Ética, nem com qualquer tipo de divindade, nem com o meio ambiente terreno ou com o cosmos. Tudo isso pressupõe a existência e o valor do Outro e, como já sabemos, os idiotas só pensam em si mesmos e nos próprios interesses.
Os idiotas no comando de Bruzundanga estão se reproduzindo descontroladamente, como uma praga, ou pior: um vírus. A vacina contra essa infestação vem da atitude política dos cidadãos, ou seja, da preocupação verdadeira de cada um com o real bem estar de todos; vem da manifestação dessa preocupação por meio do voto consciente e do posterior acompanhamento próximo da atuação dos políticos profissionais na cidade, no país.
É preciso conter a epidemia de idiotice em Bruzundanga enquanto ainda há tempo…
Luciano Nascimento é mangueirense, filho, marido, pai, professor, flamenguista, psicopedagogo… mais ou menos nessa ordem. É, também, idealizador do projeto Dê Efiência.(www.deeficiencia.com.br) E-mail: prof.lcnascimento@gmail.com
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