A arte é a camada extra-cremosa na dureza da vida. Nela, a gente se delicia, se expande, se inspira… e sente o sangue pulsar nas veias.
Hayao Miyazaki escolheu as cores e a pureza das artes para ser o deleite de sua vida.
Nascido na recentemente eleita “melhor cidade do mundo para se viver”, Tóquio, Miyazaki era o segundo de quatro filhos de Katsujo e Dola Miyazaki. Na infância, pôde ver e viver os efeitos da Segunda Guerra Mundial – algo que o impactou muito, mas que não tirou sua vontade de melhorar e de ir atrás dos próprios sonhos. Ele demonstrou interesse pelas histórias dos mangás e animações desde muito cedo, e assim foi até ingressar na Universidade Gakushuin.
Logo em seguida, começou a trabalhar na Toei Animation, no ano de 1963. Nesses primeiros anos profissionais, foi animador intermediário e fez uma colaboração com Isao Takahata. Nos anos que sucederam, passou por diversas companhias – como a A Production, Zuiyō Eizō e Tokyo Movie Shinsha – até co-fundar o Studio Ghibli em 1985.
Esse senhor de olhos que sorriem trabalhou incansavelmente para que temas importantes e urgentes fossem abordados através de animações, fossem elas curtas ou longa metragens; trabalhou para seu público pudesse se conectar, por meio de histórias, com questões ligadas à natureza e à tecnologia, à integridade de padrões de vida naturais e tradicionais, à importância da arte e à dificuldade em manter uma ética pacifista num mundo violento como o de atualmente.
Suas protagonistas são, com frequência, meninas ou mulheres fortes – o que reforça a ideia
de que, ainda que Miyazaki seja homem, nascido e criado numa época onde as mulheres não podiam decidir sequer sobre suas roupas, ele é também um humanista, que usa da luz que brilha sobre sua cabeça para dar notoriedade à quem nunca teve.
Dentre tantos trabalhos que foram sucesso de bilheteria e da crítica, destacam-se Mononoke Hime (que se tornou o primeiro filme de animação a vencer o Prêmio de Melhor Filme da Academia Japonesa) e Sen to Chihiro no Kamikakushi (que foi o filme japonês de maior bilheteria na história e rendeu a Miyazaki o Oscar de Melhor Filme de Animação).
Humilde e paciente, Hayao Miyazaki nunca parou de acreditar que era possível levar aquilo que acreditava ser fundamental como ser humano para o mundo inteiro através de histórias. Sorridente e cheio de entusiasmo e esperança, Miyazaki completou 80 anos na terça-feira passada (05 de Janeiro) e nos deixa um importante ensinamento:
A vida não precisa ter peso.
O pêndulo do relógio pode ser gracioso,
e a areia da ampulheta pode ser usada para construir castelinhos com nossas crianças.
Queridas e queridos leitores!
Aqui, quem te escreve é Victória: Escritora, idealizadora do projeto Caçadora de Histórias e colunista da Revista TRAMA.
Começamos esse ano cheio de páginas em branco escrevendo a nossa e trazendo a coluna de maneira ainda especial, porém renovada. Aqui conecto minhas palavras com a arte que a revista respira e traremos, quinzenalmente, histórias de artistas de todos os vieses como literatura, música, cinema,
dança e muitos outros, ajudando a reforçar e relembrar o quanto somos bordados e perfumados por toda essa pluralidade.
Com carinho, esperança e muita fé,
Victória Vieira
Victória Vieira é escritora e idealizadora do projeto Caçadora de Histórias. Caçando e ouvindo histórias, vou escrevendo a tua com minhas palavras e te ajudando a ter um novo olhar sobre ela. Siga o projeto no Instagram.
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