por Érica Pontes
Com uma narrativa poética e fluída, Triste História do Fim do Mundo (Penalux, 234 p.), de Victor Hugo Felix, instiga o leitor a fazer inúmeras reflexões acerca da vida, da morte e também sobre as relações humanas.
A trama acompanha uma família que aguarda a própria morte. Todo o restante da população do planeta se foi, exceto Surya e seus doze filhos. Além de lidar com a perda de pessoas que amavam, precisam se manter firmes e sobreviver ao fim do mundo – pelo máximo de tempo que conseguirem.
Ao longo do livro, percebe-se que os capítulos seguem um padrão – o que poderia soar repetitivo, mas combinou muito com a obra. Mesmo no cenário caótico em que os personagens vivem, é possível conhecer um pouco sobre a personalidade e o passado de cada um: seus amores, suas dores, seus conflitos internos e como eles lidam com a situação.
Devido a isso, o final não é tão surpreendente, mas não deixa de ser marcante. Os acontecimentos, claro, são uma parte importante da narrativa; mas o foco da narração está sempre voltado para os personagens e suas relações com o mundo, por isso gostei do desfecho. Ficou bastante coerente com a história.
Além do básico, alguns toques de realismo mágico dão um ar diferente para a história e, na minha opinião, alguns detalhes poderiam ser melhor trabalhados, pois tiveram situações que parecem estar na história simplesmente por serem mais fáceis de fazer, sem uma explicação muito satisfatória. Entretanto, não foi algo que realmente atrapalhou minha experiência de leitura, principalmente por ser algo bem pequeno.
Voltando aos pontos positivos: a abordagem das relações humanas e familiares é um dos pontos que faz a leitura ser interessante. A que mais entra em destaque é entre irmãos, mas também vale a pena mencionar as outras relações mostradas: entre amigos; mães e filhos; amantes…
Outro ponto que o autor consegue fazer com maestria é retratar as diferentes formas que cada um lida com a morte, tanto em relação à ida de outra pessoa como com a sua própria. Alguns personagens mais jovens nem sequer sabem como era a terra antes do mundo começar a acabar, não entendem o conceito de morte, e é mostrado o processo deles de aceitar que as pessoas que faleceram não irão mais voltar e a maneira um pouco mais leve que essas crianças lidam com isso.
Leia Triste História do Fim do Mundo (Penalux, 2021, 234 p.), de Victor Hugo Felix