[EXPOSIÇÃO VIRTUAL] pés

Através desses pés, com profundas feridas, calejados, disformes, marcados pelos caminhos, pela vida… suas histórias.  Um contato com o individuo descartado da sociedade, que nesse lugar “democrático” chamado “Cracolândia”, chão do sem chão, se sente acolhido.  

Uma reflexão sobre o Ser Humano que compõe essa tribo “de Refugiados Urbanos” contrapondo o paradigma “Droga e Drogados”; sua nuance e estereótipos.

Trabalhando há cinco anos como enfermeira junto as pessoas em situação de rua, transitando pelos inúmeros nichos da região central de São Paulo e nos últimos tempos na Luz, lugar intitulado “Cracolândia”, a cada dia, a cada escuta, a cada vínculo estabelecido, aumenta a indagação e grande inquietude, baseadas nas histórias de vida desses sujeitos , que neste espaço chegam “pelos próprios pés” de diversos lugares, de diversos saberes, de rupturas e descartes dos vínculos familiares e sociais, e encontram um acolhimento dentro da exclusão.  

Nessa vivência, a percepção dentro de diferentes contextos, tanto na vida profissional, nas relações pessoais, na exploração da mídia ou da sociedade em geral, o olhar é veemente para “droga e o drogado”, onde estereótipos e preconceitos são estabelecidos, dando invisibilidade, anulando e enquadrando esse sujeito, suas especificidades, sua própria vida.  A partir dessas questões , desse incomodo, busco através dos pés, em sua diversidade, a compreensão, aproximação e o olhar com e sobre esses sujeitos que compõe essa dinâmica social. Pés são esses que carregam suas historias, maneiras de (sobre) viver e conviver, seus corpos, suas marcas, dores, alegrias; pés que possibilitam enxergar a integralidade do ser.


Giorge di Santi é fotógrafo desde 1990, formado pela Escola Panamericana de Artes (SP). É artista residente da Casa Amarela Quilombo Afroguarany, acompanhando e registando o movimento cultural.


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