Meu corpo ainda é esboço Esquecido num papel qualquer As bordas ficam amareladas O traço se perde sob o orvalho de todas as manhãs Meu corpo ainda é incerto Me mexo insegura, deformada, indefesa A consciência é um segredo que exerço A dor que sinto só o pincel ameniza Mas nada, nada me acrescenta tinta Sou mero esboço esquecido Sou corpo / traço com potencial de ser bonito Mas nada, nada comove meu autor Minha vida vai embora a cada gota que estraga o encantamento que não me tocou A cada indiferença que mata criatura e criador
Ariane Bertante é poetisa. Pensa que escrever é a arte de se expressar, e de outra maneira não sabe ser: Escrever é sua forma de amar (e odiar). Ela bebe um vinho ou um café, sonha com sonetos e canções para o leitor exausto e eufórico se deleitar em devaneios (eternos devaneios).