“Nossa, como eu vou explicar a sigla LGBTQIA+ para as crianças?”
Uma rede de fast-food pensou uma propaganda com algumas crianças respondendo a essa dúvida.
Qual não foi a surpresa das crianças agindo com naturalidade para ideia.
Isso me fez lembrar um certo dia em que deitado com minha pequena stalkeando os stories do instagran e de repente aparece uma sequência de fotos de um ex-aluno todo maquiado.
“Papai, quem é?”, me perguntou a curiosa.
“É fulano, foi aluno do papai”.
“Ele gosta de maquiagem?”, continuou.
“Sim, ele gosta de maquiagem”.
“Eu também gosto, papai.”
A curiosidade infantil sobre algo vai até onde você fornece a resposta.
E educar uma criança é sim mostra que estamos em uma sociedade plural e diversa e que é necessário se respeitar.
Não vivemos em uma comunidade exclusivista.
Em uma sociedade plural todos devem ser RESPEITADOS.
Os LGBTQIA+ existem, são uma realidade e devemos respeitar!
Como cidadãos querem e possuem total direito a acesso a direitos que todos os cidadãos têm.
Por isso:
Vão casar, sim!
Vão adotar, sim!
Vão ocupar os mais variados lugares na sociedade, sim!
Nem a minha e nem a sua visão religiosa orienta a sociedade civil.
A resistência e todo um movimento de cancelamento a uma propaganda que mostra que nós, adultos, problematizamos a realidade mais do que ela é para as crianças mostra mais do nosso preconceito.
O que deve pautar uma discussão social que pense o todo?
O relacionamento homoafetivo ou as mais de 35mil crianças e adolescentes vivendo em abrigos aguardando um lar adotivo?
O que me constrange mais?
Explicar a sigla LGBTQIA+ ou que quase 5 milhões de crianças vivem em situação de extrema pobreza?
Do que (pseudo) “moral e bons costumes” deve proteger uma criança?
Da exposição a uma propaganda inclusivista ou dos mais de 32mil casos de abuso que ocorremo por ano no Brasil;
ou dos mais de 500 mil casos anuais de exploração sexual infantojuvenil que temos no Brasil.
Perdemos o foco do que realmente importa, quando nos importamos demais com a vida alheia.
Iverson Silva é professor de História da Rede Pública, Historiador e Escritor.