Para Dostoiévski, ceifar a noção de eternidade da alma faz com que toda e qualquer ação esteja fadada a não ter sentido algum. Minhas obras têm como objetivo pensar e criar todo um universo de possibilidades para o que haveria depois da morte, oferecer o encontro com outra realidade e o benefício que a relação com a alteridade pode implicar ao indivíduo.
Ao refletir sobre o pós-morte, questiono-me por onde passaria, que tipo de lugares, quais seres eu veria… lembranças ainda existiriam? Quais seriam? Existiria sentimento depois de partir? Haveria saudades, tristeza, alegria ou seria apenas dado espaço ao vazio? Procura-se criar essa dimensão quase onírica. Essas representações oníricas que só se dão a ver por meio de seus representantes plásticos.
Como o sonho, a obra plástica enquanto construção muda e situa-se no espaço de realização imaginária do desejo com um objeto intermediário, pelo qual são permitidos pensamentos e condutas com os quais o espectador pode se relacionar – sem autoacusações nem vergonha nesse espaço potencial, gerador de uma área hipotética que exista. Isso se dá sem que se faça necessária a confirmação dessa existência um ato de crença, pois o fato de não poder indicar a diferença entre real e imaginário, no plano da crença ingênua, não significa que ela não existe (enquanto eu creio, esse universo se faz existente em mim).
Luis Napoli, 1998. Natural de Castro – PR, mudou-se para o Estado de São Paulo, onde morou em diversas cidades do interior. Atualmente vive e trabalha na cidade de Barra do Garças, Mato Grosso. Formado em Bacharelado em Artes Plásticas, na Escola Guignard, Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Suas pinturas permeiam pelo imaginário popular e por questões particulares que lhe afligem. Sua poética se forma deformando a estética de onde emergem suas experiências ficcionalmente verossímeis.