Historicamente, a falta de oportunidade profissional fez com que a informalidade e precárias
condições de trabalho estivessem destinadas à parcela negra da população, e, ainda hoje, isso
se repete, principalmente após a reforma trabalhista de 2017 que flexibilizou leis e destituiu
direitos do trabalhador. Com o advento da pandemia do Covid19, os serviços de entregas como
um todo se tornaram ainda mais importantes para manter não só o conforto e segurança de
quem os solicita, como também garantir o giro da economia no país. Para sobreviver, muitos
cidadãos de zonas periféricas enxergaram nesses serviços uma das poucas saídas para
conseguir quitar as contas ao final do mês, mesmo que para isso fosse preciso se colocar em
risco diante ao trânsito caótico, a alta criminalidade, as intempéries do tempo, e, sem nenhum
respaldo contratual e direitos trabalhistas. Inspirados na canção A Carne, imortalizada por Elza
Soares, relacionaremos a carne (alimento), com a carne (constituição humana), para simbolizar
o esgotante e perigoso processo a qual inúmeros cidadãos de maioria negra, atravessam
diariamente.
A obra forma um grande painel com caixas e embalagens de transporte de
alimentos criando uma espécie de álbum de retratos como se fossem formados por manchas e
marcas de gordura e vapor, que naturalmente ficam impregnadas no papel pelos alimentos, e na
obra, também aludem à ideia de suor/esforço do trabalhador. A profusão de rostos alude ao
constante aumento da informalidade e das formas precárias de subemprego. Em resumo,
simboliza a imagem do trabalho no Brasil do século XXI
Aplicações de óleo de linhaça e verniz sobre papelão.
Variados tamanhos – 2022 Mariana de Andrade e Rodrigo Dias (Trabalho desenvolvido e realizado em parceria com o amigo e também artista de Juiz de Fora, Rodrigo Dias)
Mariana de Andrade é artista mineira, natural de Juiz de Fora (1990), possui um trabalho onde traça o paralelo entre arte e moda, suscitando reflexões sobre o vestir e o sentir, e, juntamente a
este trabalho produz roupas em variadas peças colaborando como figurinista para peças teatrais, espetáculos, desfiles, e também atende à demandas particulares em seu ateliê. Sua outra fonte de expressão é através da criação e realização de trabalhos e exposições de caráter crítico, que faz em parceria com seu amigo e também artista visual Rodrigo Dias, trazendo reflexões contemporâneas em diversas linguagens. Sua experiência acadêmica teve início em 2010, na UFJF, onde se formou como bacharel em Artes e design, depois se especializando em Moda, (2015), e hoje em dia, cursa uma Pós em Gestão Cultural pelo SENAC, onde pretende
desenvolver e aprimorar ainda mais suas experiências como curadora, produtora artística, produtora executiva e produtora cultural. Conheça mais através do perfil do Instagram: @mari_andrade_jf
@caramuru_produtoracultural
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