Era dia de Natal. Os animais da floresta estavam tristes. Eram tempos difíceis: sem presentes e sem almoço, não viam meios de comemorar aquela data tão especial! 

Porém, por volta das dez horas da manhã, algo muito curioso aconteceu por ali. A Senhora Girafa avistou um cintilante raio de luz caindo na direção da gruta que ficava há alguns metros dali.  

Com seu pescoço comprido, a Senhora Girafa gritou o Sr. Leão, o rei da floresta, que imediatamente ouviu o eco de sua voz por entre as copas das árvores e correu ao encontro de sua amiga. Os dois decidiram chamar os animais da floresta para um passeio até a gruta.  

E assim aconteceu: de repente, a égua, o veado, a galinha, o coelho, o elefante, a cigarra, a preguiça, o besouro, o macaco, a galinha, o cachorro, a borboleta, a vaca e até o rato atenderam à ordem da dona Girafa e do Sr. Leão.  

Em pouco tempo, todos compareceram à famosa gruta. Lá chegando, avistaram uma linda fada, acompanhada de um grande cesto de bambu cheio de coisas misteriosas. O pano que o cobria os impedia de ver o que havia ali dentro, aguçando ainda mais suas curiosidades. 

“Vim aqui presenteá-los, meus queridos!”   

A alegria foi geral. Dona cigarra não parava de cantarolar, a galinha cacarejava sem parar, o macaco dava saltos de alegria e a preguiça corria para lá e para cá (imaginem só a Dona Preguiça correndo!). 

“Vou começar a distribuir os presentes!” 

 A fada, de olhos fechados, enfia a mão dentro da cesta e pega o primeiro presente. 

“Eis que essa régua eu dou pra Dona Égua”. 

Logo em seguida, veio o outro presente: “Para o Sr. Coelho, dou este espelho.” 

“Este cadeado eu dou para o… Adivinhem!” 

 “Acertou quem disse veado!” 

“Já este pão eu dou para o…” 

“Acertou quem disse Sr. Leão!” 

“Eis que agora peguei uma jarra, que darei para…” 

“Está de parabéns quem disse que é para a Dona Cigarra!” 

“E esta garrafa? Darei para quem?” 

“Toma que é sua, Dona Girafa!” 

“Agora, tenho nas mãos uma caneta, que vai para…” 

“… para a Senhorita Borboleta, é lógico!” 

“E esta linguiça? Dou para quem?” 

“Ahhh! Certamente, é para a Dona Preguiça!” 

“E este lindo gorro?” 

“Segure aí, Sr. Cachorro!”  

“Presentearei o próximo sortudo com este lindo e precioso tesouro, que vai para…” 

“É claro! O Sr. Besouro!” 

“E, agora, tenho nas mãos este lindo prato, que darei para…” 

“Não poderia ser outro: o Sr. Rato!” 

“Eis que ainda tenho este barbante… Pra quem o darei?” 

“É pra você, Sr. Elefante!” 

“Já esta linha darei para…” 

“Dona Galinha!” 

“E, por último, tenho ainda este caco, que vai para o…” 

“Para o saltitante Macaco!” 

Além de ser o último a receber o presente, o Macaco não conseguia disfarçar seu olhar desapontado diante do que acabara de ganhar… “Um caco! Logo um caco! Por que um caco? O que farei com um caco?” Perguntava indignado e inconformado. 

O Sr. Leão, sabendo do descontentamento do amigo Macaco e de outros companheiros com os estranhos e esquisitos presentes que ganharam, teve uma ideia, que logo comunicou aos amigos: 

“Que tal realizarmos uma confraternização natalina na floresta?” 

“Mas como, Sr. Leão, se não temos onde cair mortos?” 

“Pois eu me disponho a repartir o meu pão.” 

“Mas isso não dá nem pra tapar o buraco do dente, Sr. Leão!” Gritaram todos. 

“Não seja por isso! Reparto a minha linguiça!” Disse a Sra… 

“Agradecido, Dona Preguiça! Mas, ainda assim, é muito pouco…” 

“Então eu ofereço parte do meu tesouro pra comprarmos mais alimentos!” Disse o… 

“Já podemos fazer a lista de compra?!” Apressou-se a decidida e organizada Dona Vaca. 

“Mas cadê a caneta?!” Perguntou a Galinha. 

“Ora! Pegue a minha emprestada!” Disse a…” 

“E com que cortaremos a linguiça e o pão?” Perguntaram a Preguiça e o Leão. 

“Mas esse não é um problema! Empresto a minha faca”. Disse a… 

“Tudo bem! Mas e o prato?” Questionaram todos. 

“Não seja por isso! Empresto o meu.” Disse o Sr… 

E a água fresca da bica, onde colocaremos?” Perguntou a Dona Égua. 

“Empresto a minha garrafa!” Disse a… 

“E o suco? Onde colocaremos?” Perguntou a Preguiça.” 

“Empresto a minha jarra e pronto!” Disse a… 

“Alguém tem uma toalha para cobrir a mesa?” Perguntou dona Cigarra. 

“Eu tenho, mas está rasgada!” Disse a dona Vaca. 

“É só costurar! Empresto-lhe a minha linha”. Disse a… 

“Ah! Mas pra festa ter graça, precisamos enfeitar a mesa e a gruta e pendurar alguns ramalhetes de flores.” Sugeriu a vaidosa Dona Galinha. 

“Pois empresto-lhes o meu barbante para amarrá-los!” Disse o… 

“Mas eu só quero ver se aquela mesa caberá neste cantinho da gruta!” Exclamou o Sr. Rato. 

“Ora pois! Pra que serve a minha régua?!” Respondeu a… 

Com a mesa toda arrumada, faltava pouco para o início do lanche.  

“Agora, vamos nos arrumar, bicharada!” Disse o Sr. Leão, ajeitando a sua linda juba. 

“Mas como vou me embelezar, se eu não posso me ver?” Resmungou a Dona Borboleta. 

“Pode deixar que eu lhe empresto o meu espelho!” Disse o… 

“E eu, que não sei o que fazer com esse vento nojento que zumbe no meu ouvido?! Isso não está bom!”  Reclamou a preguiçosa Dona Preguiça, com voz de enguiço. 

“Tome aqui o meu gorro!” Mostrou-se solícito o… 

Dona Vaca, enjoada como só ela, dava os toques finais na arrumação da mesa. Um problema ainda a incomodava: a mesa, toda cambeta, balançava-se inteirinha, ameaçando derramar o suco sobre a toalha. 

“Um dos pés precisa de um pequeno apoio pra tudo ficar perfeito.”  

“Não seja por isso! Quebrarei o galho! Empresto-lhe o meu caco!” Disse o… 

Dona Vaca logo enfiou o caco embaixo do pé da mesa e tudo ficou resolvido. Finalmente, puderam dar início aos comes e bebes. E, com a contribuição de todos, o Natal pôde ser comemorado com muita fartura e alegria. 

“Mas pera aí!” Alguma coisa preocupava o Sr. Besouro: “Como vamos guardar a outra parte de nosso tesouro para organizarmos as próximas confraternizações?!”  

“Não seja por isso! Empresto-lhe o meu cadeado!” Disse o… 

E, assim, todos terminavam aquele dia satisfeitos, pensando na organização do próximo festejo. 


VINÍCIUS RIBEIRO (ilustrador) 

Jornalista mineiro. 36 anos. Atuou como como assessor de comunicação na Fundação Museu Mariano Procópio. Atualmente, trabalha como diretor de comunicação da Prefeitura Municipal de Matias Barbosa (MG). Além da sua carreira no jornalismo, com a produção de textos, foto, vídeo, entrevistas e conteúdo para rádio, já ilustrou diferentes materiais para campanhas na área de saúde, entre outras iniciativas. Aprendeu a desenhar ainda pequeno com o seu pai, e desenvolveu o gosto pela arte por meio de sua madrinha, a professora de Artes e artista plástica matiense, Arlete Gernevan. 

SÉRGIO AUGUSTO VICENTE (autor da estória) 

Sou doutorando e mestre em História, Cultura e Poder pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Bacharel e licenciado em História pela mesma universidade, com habilitação em Patrimônio Histórico. Dedico-me a estudos na área de história social da cultura no período correspondente à segunda metade do século XIX e às décadas iniciais do século XX, com ênfase nos seguintes temas: associativismo, sociabilidades, trajetórias, história intelectual, história social da literatura, memória, arquivos e coleções bibliográficas e documentais. Atualmente, escrevo sobre a trajetória biográfico-literária do escritor mineiro Belmiro Braga (1872-1937). Sou professor efetivo de História da Prefeitura Municipal de Juiz de Fora (MG) e, atualmente, atuo na Fundação Museu Mariano Procópio desenvolvendo pesquisa histórica, processamento técnico de acervo e difusão cultural – como curadorias de exposições e mostras, palestras, minicursos, oficinas e produção audiovisual. As exposições “Rememorar o Brasil: a Independência e a construção do Estado-Nação” e “Fios de Memória: a formação das coleções do Museu Mariano Procópio” são meus dois últimos trabalhos curatoriais concluídos, em parceria com outros profissionais das áreas de História e Museologia. Sou colaborador da revista “Trama” desde 2020, na qual publico ensaios, textos históricos, crônicas, contos e poemas. 


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2 Comentários

  1. Adorei essa festança com a bicharada, recheada de empatia e de solidariedade. Parabéns ao autor e ao ilustrador!!!

  2. Antônio Peixoto

    Parabéns ao Sérgio pela história e que ela possa contagiar seres humanos a serem cooperativos como os animais.

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