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Após tanta salvação e perdas, o milagre da vida se faz como quem espreme uma laranja ao copo 

Aquele caldo atrativo invade o corpo todo e dá a sensação de saúde 

“Só por hoje”, eles cantam, enquanto sabem que vão tropeçar na próxima esquina 

A vida também é feita de tropeços 

E a fruta cai madura de pé em pé 

Até chegar nas mesas, na indústria, espremida no copo transparente, comida com voracidade e esquecida nos cantos dos doces que entorpecem 
 

A capacidade de compreensão do outro é tão ampla e todo mundo grita um eu em caixa alta que não cabe reproduzir 

Mas e o outro? 

E o meu eu em relação ao outro? 

Não cabe a grandeza, não cabem repetições de ideal 

No fim das contas é todo mundo pó de estrela morta e estamos em busca da evolução, de um plano maior pra espremer nossas laranjas e beber o caldo da emoção 

Compartilhar momentos fala muito do respeito que se deve e que se espera 

É ir além de sapatear o outro com a arrogância de quem nunca errou (utopia) 

Vai além de esperar que o outro entenda seus sinais e corra atrás do prejuízo de ser o que é e ter os defeitos que tem 
 

Quando compartilhamos somos nus e vulneráveis perante àqueles escolhidos pra fazer suco com a gente 

E beber da energia vital que às vezes falta 

E sorrir com o desprendimento do perfeito e do eterno  
 

Após tanta salvação e perdas, que milagre ainda estamos esperando pra continuar? 

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