Partilha de Sartre

Júlia leu Sartre pela primeira vez por que seu romance atual havia sugerido. Foi por volta das 21 horas de uma quarta-feira de agosto de 2022, que ela começou a leitura de “O Muro”. Afonso dizia a Júlia para ir com calma na leitura, que segundo ele, seria indigesta. Mas cada palavra de ressalva que aparecia na tela do celular de Julia a instigava mais. Bom, a  conversa que levou os dois até esse momento que eu vou chamar de “partilha de Sartre”, não  me interessa, como mera relatora desse caso e por minimante conhecer os dois, possivelmente  utilizaram uma dessas drogas farmacêuticas para dormir. Na espera da onda que os levariam  aos sonhos, Sartre apareceu, quase que vingativo, eu diria. 

Como dormir depois de dar de cara esse muro? Júlia devorou cada página, ao final de  cada uma delas não sabia se estava com sede, enjoo, medo, rancor ou curiosidade.  Experimentou sentimentos a que a levaram a um estranho lugar de seu próprio corpo. Se viu  fantasma de si mesma, amou e odiou o personagem principal “Ibbieta”, que é o narrador dessa  história. Ao fim e ao cabo, deu de cara com o muro, confundiu-se com Ibieta, lamentou a morte  do pequeno Juan e não compreendeu tamanho desespero de Tom. Ela também não ficou do lado  de Gris. Se fosse Júlia a autora de “O Muro” com certeza a história tenderia para um conto de  fadas e consequentemente para o alivio.  

Jean Paul Sartre publicou o conto “O Muro” (título francês: Le Mur ) em 1939. A maior  parte da história é retomada descrevendo uma noite passada em uma cela de prisão por três prisioneiros que foram informados de que serão executados na manhã seguinte. Ibbieta, Tom e  Juan, foram capturados por soldados de Franco na Espanha. Tom é ativo na luta contra o  fascismo, como Ibbieta, mas Juan é apenas o irmão do anarquista Gris, o grande procurado, que  acabou tendo o paradeiro revelado por Ibbieta. 

Após a leitura, Júlia se despediu de Afonso, que tanto aguardava um comentário acerca do conto, todavia no fundo de suas expectativas ele sabia que Júlia não teria nada a dizer. E ela  não teve mesmo e não dormiu em seguida. Revirou e se revirou na cama, sentiu o vento gelado  que passou pela greta da janela correr os seus pés, que estavam para fora do cobertor. Cada pelo  arrepiado em seu corpo se transformaram em medo do que vinha da greta da janela. Ela cobriu  os pés, fechou a janela. Guardou-se do mundo que lhe renderia sonhos, decidiu não ler textos  indicados por Afonso, lembrou de odiar Ibbieta e Gris, lamentou a morte de Juan, rezou para  não entender Sartre e dormiu.


Sou a Rafaela Mar, sou natural de João Monlevade/MG. Apaixonada pelas artes, dei início a graduação em Artes Plásticas/LIC na Guignard/ UEMG neste ano de 2021, e sou graduada em História/LIC pela UFOP. Estou aqui me lançando para o mundo, conhecendo gente, animais, plantas, etc.


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