Coleções Conectadas [Entrevista com André Colombo]

No dia 11 de abril (quinta-feira), dando continuidade às mostras artísticas iniciadas no ano anterior pela Galeria RH Espaço Arte, foi inaugurada a exposição “Coleções conectadas”. Com a curadoria do nosso entrevistado de hoje, o historiador e pesquisador de história da arte André Colombo.

A articulação com o colecionismo parte da compreensão de que, apesar de suas contradições, é uma prática importante no mundo da arte. Muitas coleções promovem arranjos e salvaguardam acervos que muitas vezes o poder público não consegue contemplar com suas políticas de memória. A grande maioria dos museus nasceu de coleções particulares ou incorporaram coleções privadas, e assim aborda as coleções como um dos dispositivos basilares de legitimação dos artistas e de suas produções. Em uma perspectiva histórica, o curador buscou reunir obras de artistas que, em diferentes momentos e de diferentes modos, deram suas contribuições para a história da arte juiz-forana no século XX.

  1. Conte-nos um pouco sobre a sua formação e trajetória profissional.

Sempre trabalhei na área de produção cultural e projetos ligados a memória. Mesmo antes de fazer curso superior de História. Dirigi algumas instituições culturais privadas e exerci cargos de gestão cultural em órgãos públicos. Foi quando percebi que trabalhar com arte e cultura era o que mais me dava prazer. Por conta de projetos de pesquisa acabei fazendo especializações em patrimônio cultural e em artes visuais. Hoje faço Mestrado em Artes na UFJF.

  1. O que o motivou a assumir essa empreitada como curador da exposição “Coleções Conectadas”?

Por conta de pesquisas sobre alguns artistas naturais de minha cidade, que fizeram carreia artística em Juiz de Fora, como Xisto Valle de Assis e Sylvio Aragão, a aproximação com a arte juiz-forana foi imediata. Pude avançar as pesquisas sobre alguns períodos específicos. Estudei por conta do Xisto Valle de Assis a arte local da transição do século XIX para o XX. Depois me dediquei aos anos 1950 e 1960 do século XX, quando fiz uma investigação sobre a adesão à arte abstrata em Juiz de Fora, que resultou em um artigo na Revista Nava. Entre os artistas contemporâneos das décadas de 1980 e 1990 tive uma aproximação muito forte com a obra do Arlindo Daibert. Tanto nas pesquisas acadêmicas como na atuação profissional mantenho diálogo com muitas instituições e também com colecionadores de arte. Daí, dessa idéia. Revelar um pouco das coleções. Conecta-las com o público.

  1. De modo geral, quais foram os critérios de escolha dos 18 artistas que integram essa exposição?

Nessa mostra vamos abordar a produção apenas de artistas já falecidos. Selecionamos as obras disponíveis a partir de uma listagem daqueles nomes que aparecem com maior importância pelos mecanismos de legitimação da arte, como os museus, as galerias, as exposições e as coleções. Embora esse recorte deixa artistas muito importantes de fora, fizemos um esforço para contemplar as vertentes da arte acadêmica, moderna e contemporânea.

  1. Ao seu ver, que contribuição essa exposição tem a oferecer ao circuito artístico-cultural de Juiz de Fora?

Tenho dito que as galerias de arte precisam fazer, como em outros tempos fizeram com mais afinco, um trabalho de formação de público. É preciso discutir História da arte também nas galerias. Galeristas, críticos, curadores e pesquisadores precisam ser elo entre os artistas e a comunidade. E esse foi o meu propósito. Essa exposição prevê algumas ações educativas importantes.

  1. Você pretende seguir com esse projeto, levando-o para outros espaços de Juiz de Fora e região? Conte-nos um pouco mais sobre seus um possíveis projetos em andamento ou em vias de realização, caso os tenha.

As pesquisas continuam. Tenho me dedicado a outras pesquisas, sobre alguns artistas que foram subalternizados na arte local, por questões étnicas, sociais e etc. Aos poucos temos conseguido rediscutir algumas questões ainda não colocadas na nossa história. Há revisões a serem feitas e tensionamentos da escrita hegemônica da história da arte. Os trabalhos que tenho feito sobre Xisto Valle de Assis e Lage das Neves estão nesse contexto.

COLEÇÕES CONECTADAS:

Curadoria: André Colombo
Produção: Ione Ribeiro
Expografia: Rafael Zampa

Galeria RH Espaço Arte
Alameda Engenheiro Gentil Forn, 1805 – segundo piso. Morro do Cristo – Juiz de Fora (MG)
Abertura: 11 de abril de 2024, às 19h
Exposição: 11 de abril a 03 de maio de 2024.
Horário: Segunda a sexta-feira de 13 as 19h e sábados de 8:30 às 12:30h


André Vieira Colombo

é produtor cultural, historiador, pós-graduado em políticas públicas, gestão do patrimônio cultural e em artes visuais. É também mestrando em Arte, Cultura e Linguagens pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF. Desenvolve projetos e pesquisas nas áreas de arte, memória e patrimônio cultural.

Entrevista por: Sérgio Augusto Vicente

Doutorando e mestre em História, Cultura e Poder pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Bacharel e licenciado em História pela mesma universidade. Dedica-se a estudos na área de história social da cultura no período correspondente à segunda metade do século XIX e às décadas iniciais do século XX, com ênfase nos seguintes temas: associativismo, sociabilidades, trajetórias, história intelectual, história social da literatura, memória, arquivos e coleções bibliográficas e documentais. Professor efetivo de História da Prefeitura Municipal de Juiz de Fora (MG). Possui experiência em pesquisa histórica, processamento técnico de acervo e difusão cultural em museus – como curadorias de exposições e mostras, palestras, minicursos e oficinas. Entre os anos 2022 e 2023, integrou a equipe curatorial de três grandes exposições que reabriram o Museu Mariano Procópio integralmente aos públicos, com novas abordagens historiográficas e narrativas expográficas. São elas: 1. Rememorar o Brasil: a Independência e a construção do Estado-Nação; 2. Fios de Memória: a formação das coleções do Museu Mariano Procópio; 3. Villa Ferreira Lage (ambientação da residência de uma família da elite senhorial brasileira do século XIX). Desde 2020, atua como escritor da revista Trama Bodoque: arte, cultura e criatividade (ISSN 2764-0639) e, a partir de 2022, também passou a atuar como membro do conselho editorial do referido periódico semanal. 


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