Sou todas as pessoas do mundo E, também, a falta delas. Meu coração, vagabundo, Aceita desculpas Que nem foram pedidas. Ao ver a chegada, Esquece-se das partidas. Sou todo mundo, Mas não sou ninguém. Hoje eu tô mais com a razão, Tô sem inspiração. Talvez amanhã escreva bem. Voltei nessa madrugada olhando as lojas fechadas: Eu vi como as fachadas Se estapeiam por atenção. Percebi que ando fazendo isso. Quando não sou sumiço Sou pura melação. À procura do equilíbrio Que eu sei que não existe. Também não há alívio Numa busca que não permite Que eu descanse um segundo. E eu não gosto de ser assim: Pensar em todo mundo, Esquecer sempre de mim. Estar sozinha é mais cansativo. Meus pensamentos não me dão tempo. “Você tem que pensar positivo!” Me cobro enquanto lamento. Mas levanto e sigo: Não é bem o que escolhi. Mas é que as coisas que consigo, Não refletem só em mim. Deixo você com um dos pensamentos Que me vem todos os dias. Trocando de vidas em apartamentos, Sem deixar a oficina vazia: Você tem medo da bolha? Estar preso sem grades e sem ver? É sua escolha abrir a janela, Vê que a realidade não é tão bela, E optar por ignorar ou fazer.
Geara Franco é jornalista, social media, macramística e poetisa nas horas vagas.
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