A natureza nos ensina, a cada dia, como devemos ser em nosso estado natural: belo, delicado, generoso, abundante, agradável, carinhoso, acolhedor, puro. Porém, ela funciona também como um espelho, refletindo em si o que somos, e não o que ela é em sua forma pura; assim, por muitas vezes, a natureza não é tão bela, e o reflexo nem sempre é agradável. Em qualquer de suas expressões, contudo, ela nos ensina sobre o que somos e sobre no quê nos transformamos.
Através dessa leitura e de referências do impressionismo e do realismo, busco, em meus trabalhos, retratar não apenas a natureza bela, mas também o reflexo da humanidade através dela. Retratar paisagens e figuras humanas – tanto nas telas que apresento aqui, quanto nos desenhos e nos murais – é a forma que penso ser a melhor para apresentar o amor incondicional que a natureza nos oferece, como uma mãe.
‘Reflexo’
Tinta Acrílica sobre Lonita
100×80
2021
Ao refletir o que nós, enquanto humanidade, nos tornamos, a natureza mostra facetas menos belas de sua realidade. Cabe a cada um de nós entender esse reflexo e modificar o que somos.
‘Vítimas’
Acrílica sobre tela / espátulas e pincéis
80×100 cm
2021
Esta obra é uma homenagem a todas as vítimas da COVID-19. Às pessoas que morreram lutando, asfixiados, agonizando por falta de oxigênio; e às crianças e aos adultos que ficaram órfãos de pai, mãe, entes queridos, amigos, além de ficarem reféns de governos corruptos e da ganância, que isenta de culpa aqueles que investem em ganhar dinheiro com a morte de seres humanos, de uma forma tão cruel e desprezível.
‘Sonho’
Acrílica sobre tela
80×100 cm
2021
Esta obra se originou de um sonho que minha esposa teve: uma Índia mergulhada até o pescoço, em meio a vitórias régias, de costas para a mata em chamas, olhando de forma enigmática e fixamente para frente; talvez, em busca de um sonho de uma terra melhor e mais humana.
‘Perseverança’
Tinta Acrílica sobre Lonita
100×100
2018
Manaus – AM
Desde jovem, minha avó teve uma vida sofrida. Vinda de família pobre do interior do Maranhão, ela sempre lutou para ganhar a vida honestamente. Aos 35 anos de idade, ela sofreu um acidente de carro; teve um braço e uma perna amputados, e várias outras sequelas. Porém, ela nunca desistiu da vida, e hoje, aos 77 anos, permanece junto a nós.
Na tela, ela protagoniza uma cena que vi quando eu tinha 17 anos: numa manhã, acordei e me deparei com minha avó sentada, descascando uma laranja. No ato, fiz o esboço gestual da cena, que tenho a honra de eternizar em tela.
‘Guerreiro’
Acrílica sobre tela
100×100 cm
2018
Esta tela foi pintada em homenagem ao meu sogro, Raimundo Salustiano da Silva, retratado saindo da mata com um cacho de açaí no ombro esquerdo e um facão na mão direita. Ele é um homem simples, do Interior do Amazonas, que criou 10 filhos com muita honra, trabalho pesado e suor, junto de sua esposa, Maria Martins da Silva. Hoje, em 2021, estão em ambos plena ativa ambos, aos 75 anos de idade.
Prado é paraense vivendo em Manaus. Atua como cabo da Polícia Militar do Amazonas, mas é artista plástico por vocação, já tendo participado de diversos salões de artes plásticas em Manaus, bem como da exposição internacional Dias de Reclusão.