POESIA DE UMA PROSA

O anoitecer me entristece:
Enquanto o dia padece,
Tenho a sensação
De mais um dia em vão
Ou menos um, pelo que parece.

Meu olhar não é simpático
Quando se dispõe pra mim.
Vivo sempre no automático,
Me assusto com o fim.
Um modus operandi prático.
Não me encaro agindo assim.

Mas o meu espelho
Tem um grave defeito:
Quando eu olho no meu olho
Vejo dentro do peito.
Brigo dos pés ao cabelo;
Nem eu mesma me respeito.

Me comparo sem parar,
Não concordo com o que vejo.
Eu não me lanço um olhar,
Mas às vezes, um lampejo:
Não tô longe de me amar
Só não tenho esse desejo.

Rego as plantas,
Mas não amo as rosas
Elas não são santas!
São lindas, mas espinhosas
Machucam em poesia,
Só que a dor de hoje é prosa.

Geara Franco é jornalista, social media, macramística e poetisa nas horas vagas.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *