O anoitecer me entristece: Enquanto o dia padece, Tenho a sensação De mais um dia em vão Ou menos um, pelo que parece. Meu olhar não é simpático Quando se dispõe pra mim. Vivo sempre no automático, Me assusto com o fim. Um modus operandi prático. Não me encaro agindo assim. Mas o meu espelho Tem um grave defeito: Quando eu olho no meu olho Vejo dentro do peito. Brigo dos pés ao cabelo; Nem eu mesma me respeito. Me comparo sem parar, Não concordo com o que vejo. Eu não me lanço um olhar, Mas às vezes, um lampejo: Não tô longe de me amar Só não tenho esse desejo. Rego as plantas, Mas não amo as rosas Elas não são santas! São lindas, mas espinhosas Machucam em poesia, Só que a dor de hoje é prosa.
Geara Franco é jornalista, social media, macramística e poetisa nas horas vagas.