Houve um sequestro do meu eu Ninguém notou, nem eu Andava cega na noite chuvosa Com medo da sombra Com medo da vida A cada sorriso que você me toma Mais uma lágrima que antecedia Houve um sequestro do meu eu Não notei, mas notaram Andava cega no dia tão claro Amigos não tinha, eles me odiavam Você estava certo, eu era um fracasso Agora é só lágrima Eu não dava um passo Houve um sequestro do meu eu Só eu notei e escondi Andava tão cega sob a neblina Não via verdade no que me habita Não via reflexo em nenhum espelho Não via afeto no seu desespero Houve um sequestro do meu eu Eu notei e o mundo inteiro viu Ando desperta sob o céu de cada dia Com amigos e vozes que antes não ouvia Recuperando cada caco do que me sobrou Resgatando a identidade que você levou Houve um sequestro do meu eu Pra alimentar sua obsessão Houve um sequestro e seja o que for Nunca chame isso de amor!
Ariane Bertante é poetisa. Pensa que escrever é a arte de se expressar, e de outra maneira não sabe ser: Escrever é sua forma de amar (e odiar). Ela bebe um vinho ou um café, sonha com sonetos e canções para o leitor exausto e eufórico se deleitar em devaneios (eternos devaneios).