A verdade é que acreditar é mais uma vontade que uma racionalidade. Olhar para trás e ver convicções e imagens erguidas se desmancharem e momentos se remontarem é bem doloroso. Sinto que é como rasgar fotografias impressas no coração. E essas são infinitamente mais importantes que as materiais.
Primeiramente, porque as materiais têm cópias: uma revelada no papel, outra na memória, outra no coração. Quando se rasga a cópia do papel, não se perde a eternização do momento.
Todavia, quando se rasga a do coração, se parte todas as outras, não há mais cópias. As fotografias impressas no coração são únicas. Esse rasgo gera rupturas sentimentais e memoriais irreversíveis. Ainda que se tenha tal fotografia materializada, em mãos, ela se modifica; sofre ação da visão de dentro e assume cores distintas.
Ainda que se tenha a memória do momento fotografado, tal lembrança se transforma; se remonta com os novos pedaços do presente, com novas relações de parte de dor e afeto.
Rasgar fotografias impressas no coração é uma perda eterna e irreparável.
Me rasgaram.
Nathaly Rocha é mineira de berço e guarulhense de coração. É artista desde sempre. Atualmente, cursa Artes Visuais na UNESP. Acompanhe o trabalho da artista pelo Instagram.