A vida imita a arte ou será que a arte imita a vida? Confesso que não sei responder, apenas usei esse questionamento porque acredito que ele tem tudo a ver com o que gostaria de compartilhar aqui: os nossos processos criativos são a melhor maneira de compreender e aprender sobre a vida como ela é.
Começo este texto contextualizando você sobre quem eu sou: redatora em uma agência de branding e marketing digital. Nome de marca, texto para blog, slogan, folder, anúncio de jornal… envolveu texto, eu estou fazendo. Além disso, fora do ambiente profissional, tenho um amor inexplicável pelo desenho e pela fotografia. Isto significa que a partir daqui, irei tratar da minha visão sobre os meus processos criativos. Espero que estas reflexões se relacionem com a sua vida e o seu próprio fazer – artístico, ou não.
O Processo
O processo de criação de qualquer obra envolve a ideia, o desenvolvimento da ideia e a exposição dos resultados. Em todas essas etapas nós somos influenciados por fatores externos. Ou seja, eu não sou a única responsável pela minha criação, assim como você não é pela sua. Eu arriscaria dizer que em cada etapa estamos à mercê da nossa própria obra, que nasce e se desenvolve conforme as suas próprias regras.
Gosto de comparar o meu processo criativo (seja ele visual ou não) com o de um arqueólogo, que precisa ter paciência para, aos poucos, ir descobrindo a sua própria criação. Isso porque toda ação, seja enquanto escolho as palavras de um texto ou traço as primeiras linhas de um desenho, é feita com base em um contexto e em um momento. Tudo isso depende do meu humor, do meu dia, do clima, das minhas inspirações, referências e habilidades.
Eu sei das minhas intenções, eu sei a mensagem que quero passar, mas eu nunca sei qual será o rumo das minhas criações. Às vezes o resultado sai um tanto quanto diferente da imagem inicial criada em minha cabeça. Tudo isso me lembra um texto que estava lendo essa semana, graças à indicação de uma amiga. O texto se chama “O processo de criação artística e a constituição da cultura” e foi escrito por Ariane Daniela Cole. Lá ela escreve:
Suscetível ao acaso, e à ação criadora, o processo de criação em constante movimento torna-se assim uma atividade que explora o terreno do desconhecido. Desvendar o desconhecido se apresenta como uma ação que se direciona a um processo de construção de conhecimento, seja na direção do conhecimento da natureza, para compreender melhor a subjetividade humana, seja a realidade no contexto do mundo, entre tantas possibilidades.
Agora eu pergunto a você: o que é a vida, senão um eterno movimento de descoberta do desconhecido onde cada ação nos leva a uma escolha, e cada escolha desencadeia novos caminhos? Mesmo que você tenha processos de criação bem evidentes e organizados na sua cabeça, mesmo que você receba um manual de instrução, um processo nunca será igual ao outro. Por quê? Porque os fatores externos existem e a cada dia nós aprendemos algo novo e, mesmo que inconscientemente, absorvemos novas referências que no futuro estarão refletidas nas nossas criações.
A Vida
A criação de um texto, de um desenho, de uma ilustração ou de uma peça audiovisual é como uma verdadeira viagem onde nós nos aventuramos para conhecer mais de nós mesmos e do próprio mundo. Pesquisamos, pensamos, agimos, precisamos fazer escolhas e nos adaptar ao mundo assim como nos adaptamos às ferramentas que usamos para criar (o papel, a caneta, a câmera e a tinta). Constantemente somos apresentados a novos desafios e obstáculos que devemos superar. Voltando a parafrasear a autora Ariane Daniela Cole:
O processo de criação se dá num encadeamento de ações estreitamente ligadas num contínuo operar sobre a realidade, na busca de um aprofundamento do olhar sobre o mundo, por meio de reorganizações significativas dos dados percebidos.
O processo criativo precisa fluir. É preciso deixar ser. Assim como a vida. Por mais que tentemos, não temos total controle sobre o nosso caminho. Precisamos fluir com os contextos, com os adventos e nos adaptar às mudanças. Precisamos conhecer os nossos limites para não deixar que a inércia aplicada ao lápis rasgue o papel. Precisamos respeitar as individualidades de cada um, para entender que as percepções sobre a vida também mudam de uma pessoa para a outra. Precisamos aprender a usar a nossa inspiração, criatividade e intuição para descobrir quais são os caminhos que devemos seguir e as escolhas que devemos fazer.
Sente-se e acalme-se. Beba uma taça de vinho. Deixe ser, deixe acontecer, deixe fluir. Siga o seu próprio fluxo. Só você conhece o seu processo!
Luisa Biondo é redatora, mas ama desenhar e fotografar. Atualmente trabalha em uma agência de marketing e nas horas vagas faz uns rabiscos que ficam guardados na gaveta.
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Nearly 21 million people – three out of every 1,000 people worldwide – are victims of forced labour across the world, trapped in jobs which they were coerced or deceived into and which they cannot leave. International Labour Organization.
Texto incrível! Parabéns, Luisa!
Ótimo texto! <3