Retratos de Corredor é um projeto de instalação composto por um corredor duplo com 120 cm de largura, contendo 20 vinte pessoas em “escala real” – quer dizer, 20 representações que, devido à restrição física do espaço cenográfico, sugerem aos visitantes a estranha sensação de estarem diante de pessoas reais.
Essa presença fenomenológica é intensificada graças à ilusão das anamorfoses[1], corrigidas pelo nosso olhar no espaço da instalação. A perspectiva das imagens, devido à proximidade do fotógrafo em relação aos modelos, não pode ser obtida num único instantâneo, processando-se com o movimento da cabeça a partir de um ponto fixo em registros sequenciais. A parte do corpo do modelo mais próxima sempre permanecerá em escala real nas pinturas. As imagens obtidas assemelham-se às estranhas perspectivas produzidas por Lucian Freud, principalmente a partir dos anos 1980, tendo, no entanto, como referência principal um sistema similar às fotomontagens que David Hockney realizou entre 1982 e 1983, na série “Cameraworks”. A singularidade da presente proposta está no uso e na ativação do espaço que envolve a relação entre a escala das obras e a posição “imposta” aos observadores na instalação.
[1] A Anamorfose é um recurso ilusionista vinculado à posição relativa dos observadores diante de uma obra concebida para um ponto ideal, muito comum, por exemplo, em pinturas ilusionistas produzidas no Barroco.
Ricardo Coelho é artista visual multimídia, professor da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), curador independente e designer de exposições. Doutor em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp (2015), com parte da pesquisa realizada na Universitat de Barcelona (2014); Mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp (2003) e Bacharel em Artes Plásticas pela mesma instituição (1999).