[FOTOPERFORMANCE] Vênus Willendorf Adesivada

Na nossa sociedade, o corpo feminino é extremamente cobrado partindo de padrões socialmente estabelecidos desde os primórdios da humanidade, mulheres são confrontadas diariamente, com isso, acabam desencadeando tensões que contribuem para uma crise de identidade, e neste sistema de opressão, o que se deseja ao longo dos anos, é formar um individuo perdido em suas incertezas e vulnerabilidade. Diante disso, quando se pensa o corpo da mulher, são adaptados ou elaborados modelos, em que se busca um corpo específico, que atenda aos interesses de um mercado, enquadrando indivíduos, a um corpo modelado e midiático, sem nenhuma reflexão, construindo verdades, que irão justificar os preconceitos, para isso se faz necessário ampliar o olhar e modificar comportamentos. Para GONÇALVES (1997) e GOELLNER (2008): “o corpo não é algo dado a priori, ele é provisório, mutável e mutante, estando suscetível a várias interferências com relação ao contexto em que ele está inserido”. Contudo, é interessante ressaltar que não se pode pensar o corpo partindo de uma referência, é preciso compreendê-lo como uma construção histórica, social, política, cultural, que se inicia nas relações e instituições sociais.

Ao trazer a obra “Vênus Willendorf Adesivada” para contemplação, reflexão, discussão, compartilhando com o público espectador, trago uma reflexão ao passado, partindo da obra Vênus Wilendorf, do período pré-histórico, com seus contornos femininos salientados, seios avantajados e nádegas volumosas, a imagem da mulher relacionada a fertilidade, procriação. A proposta é traçar novos paradigmas para essa mulher, compreendendo-a como um ser plural, heterogêneo, pertencente a um lugar que ela desejar estar. E nesse território de existência, identidade, pertencimento, se precisa desmistificar olhares, ressignificando paradigmas, e a despotencialização de novos territórios de existência, nos reapropiando politicamente do corpo, experimentando possibilidades de relações entre o individuo, a sociedade, fazendo parte de um coletivo.


Paula Brito é professora de Artes, artista visual, escritora com dois livros Infantojuvenis publicados, e crônicas, natural de Santo Amaro da Purificação, Recôncavo baiano, atualmente morando em Salvador. Formada em Licenciatura em Desenho e Plástica, pela UFBA, na Escola de Belas Artes, Especialista em Arte, Educação: Cultura Brasileira e Linguagens Artísticas Contemporâneas; Membro da Academia Internacional da Literatura Brasileira.


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