Essa parece ser a tônica do espaço público brasileiro nos últimos anos: extremos.
A mais recente polêmica que opõe bicudos é o retorno das aulas presenciais.
Daí falarei de um lugar “antagônico”: Pai e Professor.
O que mais tenho lido no meu microuniverso social são injustiças de todos lados.
Vários são os cometários (quase comemoração) sobre o fato de, enfim, pais estarem percebendo o desafio do ensinar de um professor.
Uma ilusão simplória achando que isso se converteria em maior reconhecimento para o trabalho docente.
Concomitantemente, ou não, criou-se a narrativa dos pais que não dão conta de seus filhos.
Mas, pouco tem se discutido sobre o estado da criança diante de todos os fatores exógenos que envolvem escolas fechadas.
Do outro lado, o discurso raso, contraditório e acusatório contra aquele que é uma das principais engrenagens da escola.
Uma imponente figura disse: se as escolas públicas não estão preparadas, que liberem as particulares.
Simples, não?
Uma conhecida postou: só não quer a volta quem não tem filho ou os tem longe dos problemas sociais.
É a escola um espaço mágico, quase sagrado, onde os grandes dilemas sociais desaparecem ou são resolvidos?
Ou esquecemos que a pandemia só evidenciou ainda mais os problemas que enfrentamos como sociedade?
As perdas pedagógicas deste período são irreversíveis?
Qual tem sido nossa atenção para a infância/adolescência na pandemia e no espaço escolar?
O que nos move realmente é o pedagógico?
Estamos disposto a enfrentar um debate sobre a educação e seus entraves políticos e sociais?
Demonizar pais ou professores é um recurso vazio.
Mostra mais da falta de abertura para compreender os problemas que envolvem o retorno neste momento, ainda, confuso da história.
Assim como das dificuldades da manutenção desse sistema sem prejuízos para os alunos.
Ou, ainda, do impacto (quase) irreparável para as escolas públicas que não tiveram acesso a sistemas tão elaborados como a rede privada.
Mas, de tudo, ver um Estado ausente e uma quimera simplória de reabertura me diz mais sobre a manutenção das estruturas postas do que uma real preocupação com o aluno, sua família, a escola e seus profissionais.
Iverson Silva é professor de História da Rede Pública, Historiador e Escritor.