O corpo negro carrega histórias, memórias, o sagrado, e passa a ser objeto de múltiplos contextos, têm inscrito nesses corpos muitas vezes silenciados, suas angústias, dores, submissão, exploração, rejeição, mutilação, marcas de um colonialismo, capitalismo patriarcal, racista, que busca fazer uso do corpo negro objeto de desejo, hipersexualização. São representações que irão confrontar com os discursos coloniais hegemônico, os abusos constituídos, as violências simbólicas e estruturais.
Corpo negro feminino que propõe desconstruir pensamentos, questionando o sistema, as regras incapacitantes que tentam perpetuar; subversivo e político, que reflete a invisibilização das mulheres ao longo do tempo. A obra “Desvendando a Vênus” propõe conhecer o feminino, a sua existência, a partir do cosmo, o sagrado, dialogando com nossa narrativa individual, de resistência e emancipação, de integridade corporal, de liberdade, que não busca negociar sua identidade, elas incorporam traçar práticas coletivas sem perder suas especificidades, que recusam o aprisionamento. Corpos negros femininos que são violados, que buscam modificar os padrões socioculturais, e por não aceitarem serem colonizados, se revelam.
Partindo desse contexto, o uso do corpo como suporte é elemento necessário para refletir sobre o eu, o outro, a sociedade; são símbolos, processos criativos, performance, fotografia, fotoperformance, que irão convidar o espectador a pensar o caos, o corpo como circulação de sentidos, histórias.
Paula Brito é professora de Artes, artista visual e escritora, natural de Santo Amaro da Purificação, Recôncavo baiano, atualmente morando em Salvador. Formada em Licenciatura em Desenho e Plástica pela UFBA, na Escola de Belas Artes, Especialista em Arte, Educação: Cultura Brasileira e Linguagens Artísticas Contemporâneas, é membro da Academia Internacional da Literatura Brasileira.