O que é cultura?
Nossa, que pergunta tendenciosa! Partamos do pressuposto que nós olhamos cultura como uma grande colcha; nela, tramas entrelaçam em algumas linhas, e entre essas linhas, temos algumas de cores neutras, onde estão amarradas as moralidades, os controles, as políticas, as elites, os poderes, as misérias, os orgulhos, as “panelas” (grupos), os mimados, os oportunistas, os vaidosos e outros que seguem algum controle ou privilégio entre outras classes. Já em outras linhas, de cores frias, estariam as crenças, os rituais, os festejos populares, as bebidas, as comidas, as memórias, as identidades, os escritos, os registros, os grupos, os povos, as raças, as etnias, e todas as manifestações possíveis que os seres humanos possam fazer de forma individual ou coletiva. Por último, mas de brilho forte, estão as cores quentes, que se destacam por luz (esperança) de fortalecimento e permanência ativa na roda das transformações das possibilidades – na qual os seres humanos se colocam a se (re)inventar, ressignificar, criar, inovar, fazer tornar mutável qualquer regra e repensar sempre no novo (o que pode ser perigoso; entretanto, quem não arrisca, não cria no mundo do fazer cultura).
Que mesmo nas desigualdades sociais existentes, possamos reverenciar o sentido de cultura no seu mais amplo significado, com a compreensão de que nenhuma cultura é melhor que a outra, apenas diferente. E que possamos reverenciá-la, também, através da noção de que cultivá-la é fundamental para o mundo, num plantar sementes que gerem flores, frutos e o germinar de coisas boas, que possam dialogar com o nascer do sol, onde os seus raios difundam as mais variadas cores existentes no universo, e principalmente, o colorir que faça bem ao Planeta.
Sim! O mundo é para todas as pessoas e grupos com as suas especificidades de possibilidades. Um salve a essa polissêmica e ambígua, às vezes criança, mocinha, ou senhora, ou tudo ao mesmo tempo ou nada disso, por conta de sua preciosa condição de se reinventar a cada instante. É ela, ou elas…A(s) Cultura(s).
Que elas possam nutrir a sociedade por um mundo melhor efetivamente, retirando o sentido hierárquico existente, que não combina com ela. Que ela prossiga no seu alto poder de transformação.
Eduardo Madeiro é agente cultural, formado em Moda e Figurino, Artes Visuais e História. Professor de Artes Visuais e de História. Mestrado em Patrimônio, cultura e sociedade (PPGPACS/UFRRJ), integrante do grupo de pesquisa Laboratório de Estudos de Gênero, Educação e Sexualidades – Legesex/UFRRJ
Jana Guinond é atriz, pedagoga, produtora executiva do Encontro Internacional Alafiá Mundo, idealizadora do Programa Usando a Língua (Portuguesa), integrante do “No Vento” Podcast, mestranda em Patrimônio, Cultura e Sociedade (PPGPACS/UFRRJ), integrante dos grupos de pesquisas do Gepcafro/UFRRJ e da LUPA Carnaval / UFRJ.