As máscaras sempre estiveram presentes na vida do homem, tanto as máscaras objetos, utilizadas em festas, cerimônias e cultos sagrados, como as máscaras sociais, estas, empregadas nas relações entre as pessoas, como forma de comportamento e de adaptação ao meio.
No município de Maragojipe, localizado a cerca de 130km de Salvador, o carnaval teve início no final do século XIX, num estilo semelhante ao do carnaval de Veneza. Sempre contou com a participação dos mascarados, uma tradição que, segundo fontes de pesquisa do IPAC, já atravessou gerações, pois, segundo registro em jornal local, a festa já era celebrada desde 1897 (PITA, 2009).
As praças e ruas da cidade de Maragojipe se transformam em palcos, e os moradores, em atores, durante os três dias de festa. O carnaval é comemorado segundo a tradição com blocos, ricamente ornamentados e mantidos em sigilo durante todo o ano, segredo este que só é quebrado no primeiro dia de carnaval. “Uma festa de essência, mascarada e de rua, segundo o Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia” (IRDEB) (CARNAVAL DE MAROGOJIPE, 2006).
Os mascarados e caretas são personagens tradicionais que traduzem todo o apelo estético europeu misturado à cultura africana, presente em instrumentos, ritmos, coreografias e músicas. A beleza das fantasias chama a atenção e demonstra, através da arte, todo o amor dos carnavalescos pela cidade e sua tradição (MARAGÓS, 2008).
Com mais de cem anos de festividade, a pedido dos moradores do município, através de uma pesquisa feita, em 2007, por historiadores, sociólogos, antropólogos e museólogos da Gerência de Pesquisa do IPAC, através do processo nº 008/2008, a Câmara de Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Natural do CEC, propôs o registro da festa no Livro Especial de Eventos e Celebrações. O evento foi considerado, oficialmente, como patrimônio imaterial”, recebendo o título de “Patrimônio Cultural e Imaterial da Bahia” por decreto do governo estadual, publicado no Diário Oficial do Estado (CASTRO, 2008). Com todas estas qualidades inseridas nas máscaras de Maragojipe, o artista, que vivenciou esta tradição, se sentiu incomodado, no sentido de materializar esta memória através de diversas pinturas, que foram inseridas no “Memorial das Máscaras”, implantado pelo artista no ano de 2016, na Casa da Cultura do Município, local onde passou a ser um ponto de referência, material e imaterial, desta cultura centenária.
Marco Bulhões nasceu em Salvador, onde se graduou em Desenho e Plástica pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. É Mestre em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da UFBA e cursou duas disciplinas de Doutorado como aluno especial em Artes Visuais (UFBA). Ganhador de quatro prêmios artísticos, sendo um prêmio nacional e três prêmios estaduais, fundou o MEMORIAL DAS MÁSCARAS na Cidade de Maragojipe/BA