Eu pensei em muitas coisas curiosas nas artes pra falar nesta edição, mas, infelizmente, a verdade é que não consegui escrever sobre nenhuma delas. De todos os assuntos que pensei, de todas as possibilidades, nenhuma conseguiu ocupar, em meu pensamento, o lugar da situação política do nosso país atual.
Bem, a verdade é que eu fico bastante aflito ao ver tantas pessoas sugestionadas por uma cultura de ódio, que se prolifera a partir do estimulo ao medo.
Porque é isso: todo discurso beligerante tem origem e a garantia do seu sucesso na necessidade de fazer com que eu, você e todos sintam medo.
Seja medo dos comunistas. Medo dos ladrões. Medo dos esquerdistas. Medo de acabarem com a “família”. Medo da ditadura “gayzista”. Medo das feministas obrigarem mulheres a abortar. Medo dos negros derribarem os privilégios dos brancos. Medo da grande mídia manipuladora. Medo dos ateus extinguirem a religião. Medo dos petistas voltarem ao poder. Medo do Brasil se tornar uma Venezuela. Medo de ser obrigado a aceitar que outras visões de mundo existem, fazem sentido para outras pessoas e tudo bem.
Cá entre nós: sabemos que a verdadeira estratégia pra solucionar a tragédia econômica de nossa país não existe. Esse papo é apenas uma distração.
Enquanto nos afogamos em discursos vazios, gastando quase todo o nosso tempo para aferir a veracidade das informações e sofrer o diabo pra conseguir provar que a Terra não é plana e que o adoçante da Pepsi não é feito de fetos abortados, um grupo especifico atua no desmonte.
Sim, desmonte.
A ausência de projetos claros para solucionar problemas reais é parte de uma necessidade de desmontar a realidade e fazer com que discursos lobotomizados sejam exaustivamente compartilhados pelo zap zap para se tornar a verdadeira verdade.
Uma verdadeira fábrica de verdades provisórias.
Para isso, incontáveis robôs distribuídos como perfis falsos nas redes sociais atuam diariamente para garantir que você receba de um amigo próximo uma notícia que “deve ser verdadeira”, com a certeza de que não será possível conferir a veracidade das informações.
Francamente, nunca imaginei viver em um tempo onde os roteiros de filmes fantásticos não chegassem perto dos absurdos da vida cotidiana no Brasil.
Essa virada tem um claro objetivo: dar continuidade ao modus operandi da humanidade, onde a barbárie é o modo padrão de convivência, e a sobreposição de uma cultura pela outra por meio da violência perpetua o darwinismo social que segue seu processo evolutivo.
Frederico Lopes é Artista e gostaria de ser Escritor. Trabalha no Memorial da República Presidente Itamar Franco e é fundador da Bodoque Artes e ofícios.
Clique na imagem e acesse a loja virtual da Bodoque!
Galeria
Apoie causas humanitárias. Em tempos de cólera, amar é um ato revolucionário.
Projeto Brasil. Lobotomia cultural. Vale a pena pensar e agir sobre isso. Penso que devemos gastar nossa energia buscando soluções. Vamos neutralizar o medo. Vamos espalhar esperança.