O projeto Isto não é. Uma Musa, sintetiza o conceito heterogêneo da arte. Fugindo da posição de “musas”, enquadradas em molduras ocas durante a reforma da galeria Paciência, em Salvador-BA, 7 artistas de gênero feminino de diferentes partes do país expressam com seus corpos e movimentos suas próprias artes finais baseadas em obras que lhes causam sensações, aguçam seus sentidos e produzem sentimentos quando visitam espaços de arte. Durante 3 dias, foram realizadas performances que envolvem canto, corpo, escultura, canvases modernos e contemporâneos, poesia e danças. Na lista de artistas referencia, temos Lygia Pape, Hélio Oiticica, Olivier de Sagazan, Elis Regina, Rafaella Braga, Claude Monet, Basquiat, Princess Nokia (OYA). Após a realização das instalações nos 3 andares da galeria, foram realizadas as performances presentes no documentário. Após a finalização das gravações, a direção organizou conversas com as artistas envolvendo o conceito de pureza da arte, arte contemporânea, padronização da arte e os porquês das escolhas de cada referencia visual para que o público pudesse entender o abstrato de cada uma de forma mais concreta. As respostas das artistas envolvem fatores temporais, emocionais, sensoriais e racionais — partindo do conceito da fruição Kantiana, o ser interpreta a mesma projeção de formas distintas, visões dissidentes sobre a interpretação da arte. O filme foi criado com o objetivo de se tornar um projeto itinerante a ser realizado em galerias, museus e espaços de arte, onde em cada moldura vazia, o artista jovem escolhido pela curadoria pudesse se expressar usando tudo que serviu/serve de bagagem para a o seu nascimento e crescimento seguindo a sua reinterpretação. O artista que está vivendo um projeto – sempre está no futuro. O projeto trabalha um ponto que permite emigrar do passado para o futuro, provocando uma ruptura temporal entre si e todos os outros. A década de 90 do século XX criou uma concepção da arte como uma projeção da ideia no futuro, uma leitura documentada das fases que marcam a evolução de sua existência. O chamado “processo” tornou-se sinônimo e quase uma condição obrigatória para o início de uma carreira em uma área das artes visuais. Transformado imperceptivelmente em modelo metódico-disciplinar de realização do objeto de arte, envolve uma possível previsão das fases distintas, definindo sua gênese. Sonho realizado ou ilusão por uma época contemporânea cansada com desejos de renovação? Reproduz o que passou e se expressa e vive o que passará.
Thaís de Melo é uma diretora criativa e cinematográfica. B. A em cinema e vídeo, seu trabalho envolve filmes, videoartes, videoclipes, produção de moda e desenvolvimento de instalações artísticas. Presente em festivais de cinema, de arte e exposições em mais de 17 países. Os seus filmes foram curados e selecionados por eventos patrocinados pelo academy awards, mubi shorts selection, tactilebosh, anthology film archives, BSFF, entre outros. Premiada em festivais nos EUA, Reino Unido e Azerbaijão. Aprovada em residências artísticas na Rússia, Macedônia e Espanha para 2022. Criadora e curadora do Festival de Artes INQRVENTION, representada pelo Museo de Arte Contemporânea de Alicante – MACA/ESP, pela ACOA videoarts collective, Elysium Gallery (Wales) e pela galeria VVOVVA (NL).
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