Foi no finzinho de um carnaval
No bloco sem sinal e te escolhi pra mim
Você dizia já me conhecer
Eu então deixei você conhecer um pouco mais
(Clarissa – Carnaval)
As pessoas tem muitas manias, sejam elas chatas ou não. Ela tinha a mania de se apaixonar por coisas distantes: lugares, amores, abraços. Talvez, por autossabotagem. Talvez, por não estar satisfeita onde está. Talvez, por medo de ser feliz onde está. Talvez…
E foi em um bloco de Carnaval, com muito glitter, a luz dos postes iluminando as ruas, suor e cerveja, que ela acabou esbarrando no que achou que seria amor, mesmo querendo se esbarrar em beijos e mais beijos de desconhecidos que não queria que se tornassem conhecidos algum dia.
O pseudo amor
Ou a paixão
Ou a vontade de se apaixonar
Ou o carinho que surgiu em meses apenas conversando de longe
Ou aquilo que ela não sabia explicar, mas que gostava, bateu em sua porta e ela, que já foi mais esperta, deixou entrar. Serviu um café, garantiu afeto, mas no final ficou apenas com o que já tinha antes: a própria companhia. Mais uma vez ela se apaixonou por algo distante, por vontade própria e, também por vontade própria, pegou o que restava e decidiu que já era hora.
Ela está aprendendo a ser uma boa companhia para si própria. Ela sabe rir sozinha, sabe levar o tempo para passear em ruas movimentadas e desertas do próprio caos. Ela se diverte.
Porém, hoje, sem querer, ela acabou trombando com a realidade e vomitou todos os sentimentos bons que ela encontrou naquele bloco. Deixou ir embora o sorriso disfarçado, porque aquilo que ele mostrava não era bem um sorriso. Diz ele que não sabe sorrir mais que aquilo. Que triste, porque ela gosta de carregar um sorriso muito grande no rosto.
Ela também deixou ir embora o coração dele que já estava partido e, sem querer, quebrou mais um pouco o dela. Não tem problema, nada como o tempo. Ele vai carregar para sempre o coração partido e marcado no anelar. Ela vai carregar mais uma memória.
Deixou ir embora o perfume, o beijo, o toque, as palavras, a vontade de ficar junto. Deixou aquela rua iluminada.
Durou pouco, durou o que podia, durou o Carnaval. Está tudo bem, Carnaval não deveria ser sobre amores.
Referência
MULLER, Clarissa. Carnaval. Rio de Janeiro: Virgin Music: 2022. Suporte: 2:37.
Lívia Rinco é amante de uma boa caminhada sob a natureza, estudante de Psicologia, gosta de levar a vida inspirada em notas musicais e poesia.
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