Solidariedade e empatia. Ambos, por justiça, são substantivos femininos.
Me desculpem meus amigos homens; não é média.
Explico:
Se há dificuldade entre nós, homens, de falar de nossos sentimentos, a experiência recente me mostrou uma dificuldade maior em lidar com o sofrimento do outrO.
A internação de Cecília me assombrou e me atormentou proporcionalmente à gravidade do quadro.
A notícia sobre a internação se espalhou e o WhatsApp “bombou”.
Comentei com a Tamara como que a quantidade de mensagens de mães – mulheres preocupadas foi maior do que a de pais- homens.
Não estou reclamando, juro! Muito menos desvalorizando os amigos que enviaram mensagens.
Isso significa que homens são insensíveis?
Não. É uma reflexão sobre como homens possuem dificuldade de lidar não só com suas dores e temores, mas, principalmente, com as dores e temores de outros homens. Ensinados a reprimir todo sentimentalismo quando expostos ao luto, dor e medo, muitos de nós “se escondem” sem saber o que fazer, o que falar e como auxiliar.
Não estou te julgando, meu amigo. Estou me analisando.
Quantas vezes me silenciei diante de um momento de instabilidade emocional, por qualquer motivo, de um amigo.
Claro: nossa rotina louca e desesperada de trabalho e afazeres diários também nos distancia de relações mais genuínas e íntimas. Mas essa é certamente a nossa desculpa preferida quando cruzamos com o amigo de luto, recém separado, desempregado, em um tratamento longo de saúde. Culpamos a rotina por uma característica intrínseca da masculinidade: nossa dificuldade em lidar com sentimentos e emoções.
É o mito do homem forte, aquele que não pode errar, se desesperar, chorar, temer ou perder as esperanças.
Não que algo viesse a resolver o problema vivenciado. Mas uma rede de solidariedade ou empatia traz uma sensação de segurança, amparo, alívio e afeto.
Afeto! Talvez essa seja a maior dificuldade para NÓS homens: lidar com nossos afetos sem receio ou medo.
Falar de seus sentimentos ou ouvir sobre os sentimentos com outro homem é construir e fortalecer essa rede de afetos.
Iverson Silva é professor de História da Rede Pública, Historiador e Escritor.
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