Círculo

Mantenho – me como prisioneiro em um simples porém eterno círculo, condenado a

carregar pedaços do que já me pertenceu.

Nessa bagagem carrego partes de mim que não ouso conhecer e pedaços que já não se

encaixam em quem sou, nessa bagagem há um homem tolo e uma criança esperançosa,

que de tanto sonhar desabou em angústia ao esbarrar no véu da realidade.

Há um homem apaixonado definhando em pedaços ao encarar que o par de olhos

castanhos que o atravessou, nunca o pertenceu.

Há um sábio mudo que cansou de aconselhar cegos surdos sentimentos.

Vivo de remendos e costuras das partes que já não me encaixam e das que voltam a me

pertencer, e de tantas idas e voltas já nem sei quem sou, nem o que deixei de ser, apenas

continuo sendo aquele que busca a si mesmo e um dia por mero acaso, se encontrará.

E assim disse o pobre andarilho, que de tanto caminhar, nunca chegou a lugar algum.

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