“Devir Quimera” é um corpo poroso em que tudo penetra, tudo atravessa. Um corpo sem órgãos, sem regras ou manuais. Um corpo possibilidade. Corpo multiplicidades. Corpo utopia. As imagens deste trabalho foram feitas no começo da pandemia, quando mergulhei nos estudos de teorias dissidentes. Elas são consequência de um procedimento repetido muitas e muitas vezes por mim naquela época que consistia em duas etapas: a primeira, em tirar um autorretrato, geralmente um em que aparecesse mais o corpo do que o rosto; e a segunda, se tratava do processo de interferir na imagem com sobreposições de filtros e efeitos de diferentes aplicativos até que a imagem inicial assumisse outras formas corpóreas em que os limites do corpo estão torcidos, borrados e/ou deformados. Na primeira etapa estava contida uma espécie de busca, o exercício de olhar para si como um eu-fora. A tentativa de perceber como é que esse corpo se inscreve no mundo, como é lido, a quais ficções correspondem os códigos presentes nele. O autorretrato como auto registro. Como tentativa de aproximação do que se é, de enxergar fundo e cru, independente das nomenclaturas e prescrições das convenções sociais, o que há de desejo e possibilidade. Na segunda etapa havia algo como um delírio, a possibilidade de imaginar para além do que dá conta a realidade. Como se enquanto experimentava as diversas possibilidades de distorção e transformação da visualidade causada pelos efeitos do aplicativo sobre da imagem que até então era eu, também fosse criando condições para me desidentificar de auto representações que já não faziam sentindo, e para elaborar outras que fizessem mais. Ao perceber meu próprio corpo um espaço de pesquisa e (re)criação desses limites e fronteiras, vi com o autorretrato e a foto performance um modo de registrar esse percurso de experimentações e (re)elaborações de si. E até uma maneira de tentar materializar o que acima nomeei delírios. Devir Quimera é o delírio que torna possível a existência de um corpo não generificado. Um corpo fluído, em constante transformação e atualização de si.
Xei é uma pessoa não-binária, tem vinte e nove anos e mora em Londrina (PR). É bacharel em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Londrina e atualmente é aluno do curso de especialização “Ações Poéticas e Educacionais na Contemporaneidade” no departamento de Artes Visuais da mesma instituição. É atuador, produtor cultural, diretor e atualmente flerta com as arte visuais através da pesquisa e produção de desenhos, foto e vídeo-performances e instalações artísticas. Pesquisa sobre gênero, identidade e autoficção. Em 2024 participou de sua primeira exposição chamada “Avessos”, realizada pelo departamento de Artes Visuais da Universidade Estadual de Londrina.
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