Quem nunca ouviu aquela frase: “Não se faz mais determinada coisa como antigamente”? Pessoalmente, acredito que a questão vai muito além disso. Ousaria até dizer que o mais apropriado seria: Não se vive mais como antigamente.
Os objetos são elementos que podem ser facilmente descartados, onde muitas vezes é melhor jogar fora do que tentar consertar.
Porém, com as relações não deveria ser assim.
Várias vezes me peguei parado olhando pela janela em dias chuvosos observando a construção de um prédio ao lado de minha casa e me perguntava como era possível que algo tão grande permanecesse de pé com tanta chuva e vento? Hoje, percebo que a resposta sempre foi tão simples: é porque a base é forte. Relações com uma base forte podem resistir a qualquer tempestade.
O tempo é implacável, não para, não volta, não perdoa. Palavras ditas no calor do momento são como feridas: até cicatrizam, mas não podem ser apagadas.
Nos dias de hoje, as amizades são tão frágeis que podem se quebrar até mesmo sem serem tocadas, apenas no instante de um breve silêncio. Superficial demais…
Na infância tecemos laços que serão lembrados pela vida inteira: a primeira namorada, o primeiro dia de aula, aquela rodinha de amigos (amigos de verdade), sentados à beira da calçada até tarde, planejando a aventura do dia seguinte.
As relações adquiridas hoje não tem entrega, cumplicidade. São apenas colegas de profissão, vizinhos que nem conhecemos, “amigos” de redes sociais com mensagens em grupos com frases de bom dia e vídeos engraçados apenas repassados, sem nenhuma personalidade. “Amigos” estes que muitas vezes preferem atravessar a rua a ter que dizer um oi frente à frente.
Superficial demais…
Aqueles momentos certamente não voltarão mais, mas aprendi que a única maneira de continuar tocando em frente é, as vezes, mas, somente as vezes, visitar aquele velho lugarzinho frio, escuro e úmido chamado memória.
João Batista é Vigilante e entusiasta das artes. Apaixonado por música e cinema. Prefere os clássicos às tendências da modernidade.