Pé descalço no chão A temperatura do piso não faz diferença Ambos são frios e barulhentos Na colisão do choque o som seco De ferro e azulejo coabitando Do piso solitário pro asfalto No corre corre de todos os dias As juntas foram umedecidas na noite anterior Com o óleo que sustenta seu corpo Incapaz de produzir qualquer tipo de calor Na cabeça há o limbo, sem uma mísera poeira Só ferrugem “vida pós vida”, caminha o homem de lata Exala aos quatro ventos sua voz Que preenche tudo com o nada Ao contar sobre os bens adquiridos Dentro da insatisfação de habitação em si mesmo Como quem assopra num saco E compartilha com o mundo seu som oco Que no estouro é notado por todos Mas os fazem tapar os ouvidos.
Larissa Valladares é filha, admiradora dos “pormenores” da vida e aspirante ao serviço social.
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