Tudo soft, tudo sofre

Bang! Um belo tiro no pé, isso é o que fazemos ao nos rendermos a sofisticação do nosso espaço seguro.

   A vida sofisticada não é vida, é artificial, é uma  “inteligência artificial”.

Na sede pelo conforto e pela otimização do tempo, aceitamos nos entulhar de “enlatados” como diria Renato Russo; somos engolidos pela necessidade de se ter um “canivete suíço” pra cada cômodo da casa.

Otimizar o tempo e o espaço em nossa rotina é um atestado de que nossa capacidade criativa e contemplativa se limita ao que nos é empurrado pelos olhos abaixo.

Um exemplo:

    – No shopping da sua cidade, quando ele foi inaugurado (se vc era vivo e se lembra dessa época) os espaços de convivência eram maiores. Você podia andar pelas “passarelas” olhar as vitrines e não tropeçar em ilhas de consumo.

Sua alimentação se resumia a praça que aglomerava todos os serviços de fast food possíveis, as mesas e cadeiras eram móveis proporcionando que os relacionamentos se desenvolvem mais e mais.

Hoje é diferente, sentam duas a quatro pessoas nas mesas e os hiatos já se formam, rompendo a ligação do indivíduo. Vc não precisa mais comer na praça porque o espaço de passagem também foi vendido pra alguma lanchonete ou um café que compraram o direito de usar a passarela das cadeiras que ligavam as vitrines da esquerda com as vitrines da direita. –

      Somos então como o rebanho indo ao abatedouro.

Vamos cegos e contentes pois estamos indo em grupos grandes que cabem em nossos bolsos.

O modelo como a cidade se desenvolve é o mesmo do shopping, eles nos engolem, nos comprimem até que sigamos para o abate sem a consciência de que estamos indo para a morte certa.

Anestesiados com o grupo de amigos na “tela preta” e no entanto frustrados porque no mundo colorido e conectado, os únicos cheiros que nos permeiam, são os de perfumes, roupas e fastfood a ser consumindo, sozinhos em uma cadeira com espaço para mais três.

      Nos tornamos a geração dos “lobos solitários”.

Caminhamos em direção ao desconhecido (?), Seguros em nossos gadjets, nossa própria força e segurança, e fazemos questão de mostrar isso nas telas e nas vitrines. Mas no fundo, não temos vontades, desejos, sonhos, apenas seguimos o caminho até nosso abatedouro diário onde perdemos o resto de humanide que ainda resiste em algum canto de nossa mente e coração.

Kariston França é apaixonado por pizza, e nas horas vagas atua como entusiasta da teologia pública.



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