Essa semana tivemos a notícia de que o Secretário de Educação de Rondônia fez um pedido oficial para as escolas da rede pública recolherem livros que constavam em uma misteriosa lista. Naturalmente, entre eles estavam obras “perigosas para crianças e adolescentes”, de autores como Caio Fernando Abreu, Machado de Assis, Ferreira Gullar, Rubem Fonseca, entre vários outros. Isso só me faz pensar que o ataque à cultura segue a passos largos. E não podemos ficar calados.
Talvez essa seja a parte da história do Brasil onde o alcance dos ideias democráticos estejam sendo mais tencionados do que nunca. Na realidade, precisamos lembrar que a ruptura com a democracia é uma velha conhecida dos brasileiros.
Sabemos que esses acontecimentos são patrocinados por uma vasta rede de intolerância e opressão que tem, neste específico fato, um forte viés religioso, na realidade, a maioria dos atos contra a cultura e sua diversidade ultimamente partem de ideologias radicalizadas de cunho religioso.
Não é um caso isolado!
Como já citei em um texto aqui nessa mesma revista, existe uma necessidade de invisibilizar as heranças culturais de interlocutores que não compartilham da mesma crença religiosa dos que ocupam o poder neste momento no Brasil.
Nesse sentido, podemos perceber que isso acontece porque a cultura e as tradições culturais fazem parte do repertório que constitui nossas noções de identidade. Logo, ataques que seguem exterminando a diversidade cultural, ficam mais intensos, permitindo a imposição dos costumes de determinada tradição religiosa para as grandes massas.
Esse tipo de acontecimento só corrobora com a afirmação de que nós, trabalhadores da cultura, estamos sob ataque. Somos o alvo de um projeto de extermínio cultural qualificado, padronização de modos de pensar e sucateamento da sensibilidade e do senso crítico.
Por outro lado, pelo menos agora temos nosso próprio Index Librorum Prohibitorum tupiniquim, ou seja, estamos armados, prontos para acessar a Estante Virtual e esgotar os estoques subversivos das pequenas livrarias e sebos do Brasil. Inclusive, segue a lista com os livros e a ordem expedida.
Frederico Lopes é Artista, educador, encadernador e escritor. Trabalha no Memorial da República Presidente Itamar Franco e é fundador da Bodoque Artes e ofícios.
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