Pós-eu mesmo

A bem da verdade
Esta não existe
Muito embora o mundo
Goste de produzir meias-totais-veracidades
Via mídia, via religião, via dinheiro
Como poetar nesse contexto?
Não me sinto à vontade
Meu coração, indignado, não quer
Se tudo fosse tão otimamente
Porque impor as vivências?
Salto no ar
Fetiche da crítica
Realidades tão virtuais
Relações tão artificiais
Mentiras tão habituais
Rotinas tão rituais
Roteiros tão casuais
Gozos cheios de ais
Famosos tão demais
Rimas tão iguais
Amores nunca mais
Mulheres tão sensuais
Conversas tão banais
Enterre-me: aqui jaz
Depois de Eu
Tem o avatar de Eu
Fala por Eu
Vive por Eu
Finge por Eu
Só sei que prometeu
Que após o depois
Seremos só nós dois
Um pelo outro
e reciprocamente
Afinal, indago pós-aflito,
onde está o sentido
daquilo que é sentido?

Gabriel Lopes Garcia é poeta. Atua como professor de Física nas horas vagas.


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